Cuiabá, 13 de Maio de 2024
Notícia Max
13 de Maio de 2024

AGRONEGÓCIO Segunda-feira, 15 de Outubro de 2018, 16:44 - A | A

Segunda-feira, 15 de Outubro de 2018, 16h:44 - A | A

GADO NELORE

Pecuaristas de MT obtém rentabilidade 10 vezes maior com novas técnicas

AGRONOTÍCIAS

REPRODUÇÃO

 

Pecuaristas que criam gado nelore de Mato Grosso estão obtendo rentabilidade até 10 vezes maior com a utilização de técnicas mais modernas de preparo de solo, aliadas ao manejo adequado do rebanho. Esse é o exemplo do empresário Breno Molina, da Fazenda Onça-Pintada, que possui 370 hectares em Poconé, no Pantanal. Com a profissionalização do negócio, ele já agregou três vezes o valor do seu rebanho.

 

“Enxergo a fazenda como uma empresa, por isso tenho investido na intensificação do que eu tenho, sem expandir para os lados ou abrir novas áreas. Muita gente diz que é loucura, mas, com o apoio de uma equipe de profissionais qualificada estou atingindo recordes de produção. Alcancei, por exemplo, uma taxa de lotação 5 vezes maior que a média nacional de gado no pasto, isso mantendo máxima qualidade”.

 

Com um rebanho bovino de mais de 30 milhões de cabeças, o maior do país, o estado enfrenta a transição da antiga cultura, em que se soltava o gado no pasto para colher bezerros, para a profissionalização do negócio. O desafio é manter a atividade atrativa economicamente, por isso o perfil do produtor está mudando de ‘dono de fazenda’ para ‘fazendeiro’. “Sou a terceira geração de criadores e a mais ousada. O meu pai, que possui maiores áreas, vem adotando as mesmas técnicas só que mais devagar, já que o investimento é mais alto”.

 

Ele explica que o primeiro passo foi a contratação de um engenheiro agrônomo para fazer a análise completa do solo. “Antigamente o meu pai jogava mais de 1 tonelada por hectare de calcário para a correção do solo. Depois que obtivemos as análises, passamos a jogar apenas a quantidade que o solo precisava, gerando uma economia já no primeiro ano suficiente para pagar todo o trabalho técnico do engenheiro, com visita mensal, por 2 anos”. A mesma lógica se aplica ao manejo rotacionado de pasto, com subdivisão em piquetes. “Enquanto eu faço divisão em 8, ele (meu pai) divide ao meio ou em 4 partes”.

 

Outro produtor, Renato Melo, que possui duas propriedades, uma de 30 hectares em Chapada dos Guimarães e outra de 48 hectares em Cuiabá, na saída para Rondonópolis, também tem utilizado com sucesso há mais de 18 anos técnicas de cuidados com o solo e nos últimos cinco anos de pasto rotacionado. “No sistema antigo a gente tinha meia vaca por hectare, não investia nada, mas não ganhava nada também. Meu lucro com a produção aumentou de 8 a 10 vezes, o mais importante é que reflete na produção e qualidade da carne”.

 

Semana passada, a Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT) promoveu duas palestras com os especialistas na área  para tratar justamente da intensificação da produção animal a pasto com adubação do solo. Na avaliação de Luciano Godoy, a diferença na alta tecnologia aplicada hoje à agricultura em contrapondo com a pecuária é reflexo, principalmente, da maior demora em obter resultados. “Um produtor de soja, por exemplo, tem lucro imediato, com até três meses já está colhendo. Agora o pecuarista tem que ser mais paciente”.

 

Godoy explica que enquanto as demais culturas utilizam uma média 350 kg de fertilizante por hectare de solo, na pastagem normalmente não ultrapassa 7 kg/ha, ou seja, tradicionalmente uma baixa adubação, o que implica em retirada de folhas e nutrientes, deixando o solo mais empobrecido e com menor capacidade de suporte de animal. “Quando o investimento é planejado, o retorno é ótimo, supera culturas anuais de soja e milho. Nos últimos 10 anos, quem seguiu este conceito vem se firmando no mercado”.

 

Outro técnico na área, Marcell Patachi Alonso, diz que assim como a construção de uma casa, a base para se produzir no campo é focar no preparo do seu alicerce, que é o solo. Todo trabalho desenvolvido vira pasto e produto animal. Um dos equívocos frequentes é ter um ‘super pastejo’, que enche os olhos do produtor, mas que na prática, por falta de adubação, é de baixo valor nutricional para o gado; ou por outro lado,  é possível encontrar pasto em condição extrema e que se parece um campo de futebol.

 

“A premissa é manter fertilidade química e estrutural do solo, oportunizando que a planta desenvolva raízes e forragem, caso contrário, se a fundação (raiz) ficar mal estruturada, a planta cresce, mas o resultado é baixa produtividade e qualidade. É importante salientar que somente o protocolo de correção e adubação não faz mágica, deve haver um bom manejo do rebanho, pois não adianta haver um buffet para 80 convidados e só virem 50, ou virem 80 e faltar comida. Sem acompanhamento, o produtor perde dinheiro”.

 

Desde abril deste ano, a Associação Nelore vem promovendo palestras, sempre às segundas-feiras, com o intuito de promover a interação entre os criadores e também levar informações sobre novas tecnologias e técnicas de produção sustentável. Para o presidente da entidade, Mario Candia, é sempre possível fazer mais e melhor, com investimentos programados e que têm retorno. “Queremos promover mudanças positivas e avançar cada vez com a cadeia produtiva da carne no estado”.

 

Estudos promovidos pela Embrapa Amazônia Oriental no Pará mostram que a cada R$ 1 investido, o produtor pode obter de retorno R$ 4. Enquanto que na pastagem tradicional, o retorno é de apenas R$ 1,30, mas somente nos anos iniciais, pois o valor vai decaindo até virar prejuízo.

 

Para evitar a degradação de pastagens, a instituição lançou no ano passado uma cartilha que dá dicas. Além das perdas econômicas, um pasto degradado traz muitos prejuízos ambientais à propriedade. Os especialistas avaliam que é importante o uso de tecnologias para tornar a atividade responsável, empresarial, permitindo que o pasto seja eterno, com ganhos superiores ao produtor. A informação é da assessoria.

CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.

0 Comentários