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BRASIL Quinta-feira, 17 de Outubro de 2019, 07:41 - A | A

Quinta-feira, 17 de Outubro de 2019, 07h:41 - A | A

JUDICIALIZAÇÃO

Plano de Eduardo Bolsonaro controlar PSL em SP sofre revés na Justiça

O Globo

NELSON ALMEIDA / AFP

 

O plano organizado pelo deputado Eduardo Bolsonaro para ter o controle do PSL no estado de São Paulo começou a sofrer revés na Justiça. Presidentes de diretórios municipais  destituídos por ele estão reavendo judicialmente os cargos. As decisões estão sendo compartilhadas em aplicativos de troca de mensagens por dirigentes do PSL, e uma série de ações deverá chegar à Justiça pedindo a anulação de atos do deputado.

 

Eduardo assumiu a presidência do PSL no estado em junho com um discurso de pacificação do partido. Na cerimônia de posse em um hotel de luxo na capital paulista, ele disse aos filiados que não seria "ditador". Logo depois, iniciou uma "limpeza partidária", retirando dirigentes ligados principalmente ao ex-presidente estadual do partido, senador Olímpio Gomes, para acomodar pessoas próximas à família Bolsonaro.

 

O deputado dissolveu, até agora, diretórios do PSL em 106 cidades. Ao todo o partido tem representação em cerca de 350 municípios.

 

A primeira ação definitiva contra as destituições de Eduardo saiu este mês. O diretório de Americana, no interior do estado, conseguiu anular ato do presidente estadual que afastou toda a direção do partido na cidade em julho. O PSL deixou o processo correr à revelia e nunca se manifestou sobre o caso na Justiça.

 

O GLOBO encontrou 11 decisões proferidas em favor de diretórios municipais do PSL desde julho. Elas restabeleceram — umas de forma definitiva outras liminarmente — a direção da sigla em Americana, Araraquara, Campinas, Carapicuíba, Diadema, Guaratinguetá, Itu, Limeira, Piracicaba, Rio Claro e Taubaté.

 

— Eu estava em viagem ao exterior, quando fiquei sabendo que o diretório havia sido derrubado por uma decisão do estadual (diretório) sem qualquer comunicação prévia, ampla defesa, contraditório ou esclarecimento. O partido estava todo estruturado, com sede própria, filiações em dia, lista de pré-candidatos para a eleição municipal. Isso nos levou à Justiça, porque os atos desrespeitam o estatuto do partido quando diz que a nominata tem validade de 2 anos e só pode ser mudada após convenção. Eu estou na política há um bom tempo e sei como funciona. Mas as coisas precisam ser feitas corretamente. O partido chama, avisa que vai trocar, explica o porquê — disse o presidente do PSL de Americana, Major Crivelari.

 

Ele conta que a argumentação jurídica usada pelo diretório de Americana está sendo copiada por outras direções municipais.

 

— Na mesma toada nossa dezenas de municípios entraram com a mesma ação. Agora desencadeou — afirmou Crivelari.

 

O diretório de Mogi Mirim, que foi dissolvido nesta semana, é um dos que promete judicializar a situação.

 

— Liguei para todos da diretoria (estadual). Ninguém explicou nada. Me disseram que tinha sido um pedido do Renato Bolsonaro (irmão do presidente). Eu tenho o apoio de diversos deputados, entre eles, a Carla Zambeli e a Janaína Paschoal. Me perguntam por que derrubariam uma nominata (diretório) da Carla se ela é uma das defensoras do Bolsonaro? — desabafou Jarbas Gusmão Caroni, que presidia o PSL na cidade.

 

O descontentamento com a gestão de Eduardo é visível nos grupos de mensagens de dirigentes e ex-dirigentes do PSL no estado. Eles reclamam de desorganização, falta de transparência e decisões unilaterais. Estimulados pela conquista da Presidência da República, as lideranças locais do PSL começaram a se preparar para as eleições municipais, escolhendo candidatos, estudando cenários de alianças e estruturando o partido.

 

A troca das direções municipais por Eduardo tem como pano de fundo as eleições. O objetivo é ter o controle sobre o lançamento das candidaturas do PSL. Na semana passada, ele reagiu com ameaças à ofensiva judicial de diretórios. "Nos locais em SP onde houver judicialização do PSL municipal apoiaremos candidatos de outros partidos ou ninguém, simples. Não vamos apoiar alguém só porque é do PSL, nosso público não é assim. E seguiremos derrubando diretórios não alinhados", escreveu no Twitter.

 

O GLOBO entrou em contato com o PSL estadual nesta quarta-feira para comentar as decisões judiciais contra o partido, mas não teve retorno.

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