Fábio Carille acerta no diagnóstico, mas erra nas soluções apresentadas para o mau futebol do Corinthians. Percebendo a dificuldade de a equipe criar, admitida em diversas entrevistas, o treinador muda o time jogo após jogo, mas só isso não tem sido suficiente para acabar com a apatia alvinegra.
Na derrota do Corinthians por 1 a 0 no clássico contra o São Paulo, no último domingo, no Morumbi, Carille mexeu novamente e escalou Matheus Jesus no lugar de Ramiro. Antes, já havia sacado Júnior Urso e Mateus Vital, apostado em Sornoza e recorrido a Boselli ao lado de Vagner Love.
Durante os jogos, o técnico também tentou melhorar o Timão com Janderson, Renê Júnior e até Régis. Não tem adiantado e nada indica que vai funcionar se ele continuar insistindo.
O problema não está nas peças, mas no funcionamento da engrenagem.
O Corinthians parece não saber o que fazer quando tem a bola. No Majestoso, a equipe teve 44% de posse, mas boa parte dela foi no campo defensivo, onde os zagueiros e laterais tocavam de um lado para o outro, sem progredirem.
Volantes, meias e pontas e não se aproximam para triangulações, os laterais raramente fazem ultrapassagens, e os atacantes acabam pouco municiados.
Diante do São Paulo, um número espantou: Boselli ficou com a bola por apenas 19 segundos. O argentino não recebeu nenhuma vez em condição de finalizar.
Assim como já havia sido contra o Athletico-PR, na última quinta-feira, quando o Corinthians foi dominado em boa parte da partida, Carille armou a equipe no 4-1-4-1. Com a bola, Clayson e Vagner Love avançavam e o esquema ficava mais próximo do 4-2-3-1 ou 4-3-3.
Vendo que as coisas não iam bem, Carille foi mudando as peças no decorrer da partida. Primeiro, inverteu Vagner Love e Clayson de lado. Assim, ele tentava resolver dois problemas de uma só vez: aproximar o camisa 9 de Boselli, fazendo com que ele e Mateus Vital se alternassem na ponta esquerda, e também proteger mais o lado direito da defesa, onde Reinaldo dava trabalho.
A troca não surtiu efeito na frente e ainda deixou o lado esquerdo exposto aos avanços de Igor Vinicius.
Mais no fim, já com o placar desfavorável, o técnico promoveu a entrada de Gustagol, deixando a equipe com dois centroavantes. De nada adiantou, afinal, a bola não chegava aos homens da frente.
Nós nos acostumamos a ver o Corinthians jogar mal em 2019, mas no Majestoso a equipe "caprichou". Foi dominada por um rival que nem esteve tão inspirado e em momento algum esboçou reação. O Timão deu só três chutes a gol, mas não teve nenhuma chance real de marcar.
É verdade que Carille não tem culpa pelos domínios errados, os passes sem direção ou a falta de confiança de alguns atletas que só tocam de lado. Mas é ele quem precisa encontrar caminhos para o time criar mais e aprender a propor o jogo.
O Timão vai bem se defendendo (segue com a melhor defesa do Brasileirão) e também consegue ter sucesso quando joga no contra-ataque, mas apresenta um deserto de ideias quando precisa construir.
O elenco do Corinthians não está no nível de Flamengo e Palmeiras, mas é bom. Tem um dos melhores goleiros do Brasil, um lateral de seleção, ganhou Gil, que é um baita zagueiro, e conta com boas promessas, como Pedrinho e Mateus Vital. Ralf, Vagner Love, Boselli e outros jogadores seriam titulares na maior parte dos times da Série A.
Era para o Timão estar jogando muito mais a essa altura da temporada.
O título já deixou de ser um sonho, e a vaga na Libertadores está ameaçada. É preciso reagir – e rápido. Isso não vai acontecer só trocando jogadores.
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