O teu passado nas redes sociais te condena?
Com o caso de Júlio Cocielo, muitos famosos na web e suas equipes resolveram rolar suas páginas e correr pela sequência de posts para ver se suas opiniões e comentários de anos atrás podem gerar polêmica em 2018 – ou em futuro próximo.
Se você não sabe o que está rolando, relembre: Cocielo foi criticado e perdeu assinantes em seu canal do Youtube e campanhas publicitárias depois que escreveu um comentário considerado racista sobre o jogador da França Mbappé e teve posts antigos resgatados. Com a polêmica, correu e apagou mais de 50 mil tuítes e pediu desculpas.
Em seu perfil no Twitter, o youtuber Felipe Neto disse que, após o caso Cocielo, tem recebido pedidos de ajuda sobre o assunto:
“O que eu tô recebendo de mensagem de amigo influenciador perguntando ‘cara como que eu apago todos os tweets?’ num tá no gibi”, ele disse.
Alguns internautas questionaram o fato de Felipe não citar os nomes dos “amigos”, mas o fato é que o caso mostrou um sinal de alerta. Em especial para os "influenciadores" (como são chamados os famosos nas redes sociais) e seus assessores de comunicação.
"Sabemos que os jovens às vezes falam e fazem coisas sem pensar. Por isso, orientamos que apaguem esses tipos de textos, justamente porque não condizem com o momento atual e nem com a mentalidade atual do artista”, explica ao G1 um assessor de comunicação de vários "influencers" e youtubers, com milhões de seguidores, e que preferiu não se identificar.
“Às vezes, nossos clientes começam a carreira muito cedo. Antes mesmo de ficarem famosos, estão na internet brincando, seguindo opiniões e as pensamentos politicamente incorretos".
Além de orientar, ele também fica de olho nas redes sociais dos clientes. E, em caso de posts polêmicos, a forma de deletar é manual mesmo, sem o uso de ferramentas que apagam tuítes em série.
“Nós, assessores e empresários, olhamos. Ferramentas às vezes falham, usamos o velho e bom olho. Sempre fazemos isso quando assinamos o contrato. Mas eu já olhei novamente o Twiter dos meus clientes [após o caso Cocielo]. Vai que... Né?”.
Outro assessor de artistas famosos disse ao G1 que já tenta barrar o problema desde a raiz, evitando assim posts polêmicos. “Tudo o que nosso artista vai postar, a gente pergunta: 'e se você mudar de ideia depois?'". Ele ainda diz que é melhor não falar sobre temas polêmicos.
Whindersson e Gagliasso: importante é mudar hoje
Com a polêmica, Whindersson Nunes, que tem o segundo canal de Youtube com maior número de seguidores do Brasil (mais de 30,1 milhões), foi na direção contrária. Em vez de apagar as polêmicas, deu o caminho no estilo conselho de mãe: quem procura acha.
“Pra quem quiser procurar tuítes antigos meus, é fácil. Vai na busca ali em cima boa: palavra from:whindersson. Fiquem à vontade e se deleitem no monte de lixo que eu falava”.
“No passado já disse várias bosta [sic]. Eu nem gostava de gay e dizia que quem era gay não entrava no céu. E no meu casamento esse ano uma das madrinhas se chama Rafael, pra ver como as coisas mudam”, disse Whindersson.
O ator Bruno Gagliasso entrou na polêmica ao criticar Cocielo e, em seguida, internautas acharem piadas apontadas como homofóbicas compartilhadas por ele em 2009. Sua resposta foi semelhante à de Whindersson: admitiu o erro e diz responder com suas "ações e atitudes" de hoje.
"Estou aqui em 2018 respondendo com minhas ações e atitudes por quem já fui também em 2009 e mesmo antes disso. De alguma forma todos estamos. Não é passando o pano no preconceito, mas sim passando tudo a limpo, que o mundo vai se tornar um lugar melhor", disse Gagliasso.
O youtuber Pedro Afonso Rezende, conhecido como Rezendeevil, contou em seu Twitter que, por engano – ou não – limpou qualquer vestígio com seu passado nas redes. “Meu Deus, acho que deletei todos meus tweets sem querer”, escreveu ele. Os internautas logam levantaram a dúvida sobre a ação: "Ou tá com medo de cair nos tuítes preconceituosos antigos?", questionou um seguidor de Rezendeevil.
Fenômenos com 'pouca maturidade'
“Acompanho exatamente tudo. Não apenas as redes dos meus artistas, pessoais e profissionais, mas aquilo que eles curtem, comentam e de todas as pessoas que fazem parte do universo em que eles estão inseridos”, diz a assessora de imprensa Bianca Ceará.
“Já passei pelos dois casos, tanto apagar posts e também solicitar uma nova publicação. Muitas vezes, a pessoa não tem a intenção, mas acaba criando ou se envolvendo em polêmicas por conta de uma vírgula ou a falta dela".
"Por um lado, a rede social é extraordinária. Aproxima o ídolo do fã de uma forma assustadora. Mas este ídolo também é um ser humano e, como ser humano, aberto a falhas”, afirma Bianca.
“Acho que o caso dele [Julio Cocielo] e outros recentes sempre me sinalizam a mesma coisa: é preciso conhecer. E conhecer para orientar. Os 'fenômenos’ surgem como um meteoro e, pela pouca maturidade, acabam dizendo, ou melhor, escrevendo aquilo que querem. Não pensam nas consequências”.
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