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INTERNACIONAL Quarta-feira, 08 de Janeiro de 2020, 14:40 - A | A

Quarta-feira, 08 de Janeiro de 2020, 14h:40 - A | A

AERONAVE

Avião que caiu no Irã é considerado por pilotos um dos mais seguros do mundo

G1

REPRODUÇÃO

AVIÃO

 

O Boeing 737-800 que fazia o voo 752 da companhia aérea Ukraine International Airlines e caiu no Irã na madrugada desta quarta-feira (8) é considerado por pilotos como um dos aviões mais seguros do mundo.

 

Imagens divulgadas na imprensa internacional após a tragédia mostram que a aeronave pegou fogo no ar, logo após a decolagem em Teerã, a capital do Irã, e explodiu, tocando o solo em chamas. O voo tinha como destino Kiev, na Ucrânia, e todos as 176 pessoas a bordo morreram. No solo, equipes de resgate encontraram a aeronave em destroços de pequenos tamanhos e com sinais de incêndio.

 

A família de aeronaves 737 (modelos que vão do 737-600 ao 737-900) é operada atualmente por 107 companhias aéreas segundo a Boeing. Um estudo da Boeing aponta que, de 1959 a 2017, houve 15 acidentes envolvendo estes modelos com perda total e 7 acidentes com mortes.

 

O modelo 737-800 começou a ser vendido em 1997 e hoje há 4.965 em operação – 91 deles no Brasil, utilizados pela Gol.

 

"O 737-800 é um avião muito seguro, eu o considero muito confiável. Mesmo com problema ou a perda de um motor, ele continua em voo com o outro motor perfeitamente. Possui sistemas de redundâncias e para cair só alguma coisa muito ruim acontecendo. Tem que ter muita coisa errada", disse um piloto de Boeing, que pediu anonimato por não estar autorizado a falar sobre o assunto.

 

Nos manuais de controle, segundo o piloto, a Boeing aponta que a chance de problema interno em um motor do Boeing 737-800 é extremamente rara, algo como "0,00000001%".

 

Outro piloto da Boeing, ouvido também sob condição de anonimato, diz que fez o teste de desligar um dos motores durante o voo.

 

"Eu costumo dizer aos meus passageiros que eles estão entrando em um avião extremamente confiável. Eu já fiz testes na busca de aeronaves na fábrica, desligando o motor em voo, e ele mantém o voo. Mas nada impede que pode ter um problema ou algo imprevisto que afete a aeronave de grande forma", acrescenta.

 

Imagens divulgadas por agências internacionais mostram que os destroços da aeronave que caiu no Irã estão dispostos em uma área extensa e em pequenos pedaços. Ex-investigador do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e responsável pela investigação da tragédia da Air France em 2009, Luís Cláudio Lupoli não descarta que algo externo possa estar envolvido na queda ocorrida no Irã.

 

"As imagens da tragédia mostrando a disposição dos destroços mostram um indício de in-flight breakup” [desintegração em voo] pois, se fosse somente uma falha de motor, o mais provável é que ele tentasse um pouso e os destroços ficassem num padrão linear e na direção da corrida de pouso. Já se a aeronave chegasse inteira no solo, os destroços ficariam mais concentrados. Não descartaria ter sido atingido por algo externo, como um míssil. Mas se for isso, é possível descobrir", afirma Lupoli.

 

Avião não é o mesmo que apresentou problemas

O Boeing 737-800 é diferente do 737 MAX, que também é fabricado pela Boeing, mas foi proibido de voar e teve a produção suspensa após 2 acidentes graves acidentes, na Etiópia e na Indonésia, que deixaram 346 mortos.

 

Entre essas diferenças está uma mudança no sistema que opera em caso de perda de sustentação da aeronave, o chamado estol.

 

A proteção ativa contra esse cenário, chamada de MCAS (Sistema de Aumento de Características de Manobra, na sigla em inglês), foi um software desenvolvido pela Boeing especialmente para as aeronaves 737-MAX e estaria por trás dos dois acidentes fatais com o modelo.

 

"As principais diferenças do MAX é que ele é maior, tem maior envergadura, e um motor diferente, especialmente desenvolvido para ele e mais potente. Como o diâmetro da carenagem dos motores é maior, ele tocaria o chão, daí tiveram que fazer alterações no sistema de configuração, mudando o comportamento em situação de estol (perda de sustentação) da aeronave. Foi isso que começou a dar problemas, causando acidentes", diz o coronel da reserva da Aeronáutica

 

Um dos pilotos da Boeing ouvidos pela reportagem, e que já comandou um 737 MAX por dois anos, diz que o MCAS fez com que aeronave "tivesse vontade própria".

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