A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou, em relatório divulgado nesta terça-feira (3), que os Estados Unidos, o Reino Unido e a França podem ser cúmplices em crimes de guerra no Iêmen - ao armar e fornecer apoio de inteligência e logística a uma coalizão liderada pelos sauditas que deixa civis passarem fome como tática de guerra.
"A legalidade da transferência de armas pela França, Reino Unido, Estados Unidos e outros Estados permanece questionável e é objeto de vários processos judiciais nacionais", diz o relatório.
O documento expõe o uso da fome como arma de guerra, assim como tortura, estupro, detenção arbitrária e forçada e recrutamento de menores. Detalha, ainda, como os crimes de guerra cometidos nos ataques aéreos no Iêmen foram direcionados indiscriminadamente contra civis.
“Indivíduos do governo do Iêmen e da coalizão, incluindo a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, podem ter realizado ataques aéreos violando os princípios de distinção, proporcionalidade e precaução, e podem ter usado a fome como método de guerra, atos que podem equivaler a crimes de guerra ”, diz o relatório.
A fome no Iêmen, causada pelo conflito, já criou o que as Nações Unidas descrevem como a maior crise humanitária do mundo.
Os especialistas encontraram crimes potenciais de ambos os lados da guerra, que já dura cinco anos. A coalizão de países árabes, liderada pela Arábia Saudita, luta contra o movimento rebelde houthi - que controla a capital iemenita, Sana'a.
Eles disseram ter recebido alegações de que as forças dos Emirados e aliados torturaram, estupraram e mataram suspeitos de oposição política detidos em instalações secretas, enquanto as forças houthis plantaram minas terrestres.
Os analistas da ONU destacaram no relatório desta terça (3) o papel que os países ocidentais desempenham como principais apoiadores dos estados árabes e o papel do Irã em apoio aos houthis.
Eles compilaram uma lista, secreta, de possíveis suspeitos de crimes internacionais - que foi encaminhada à chefe de direitos humanos da organização, Michelle Bachelet.
O apêndice do documento lista, ainda, o nome de mais de 160 "atores principais" - entre sauditas, iemenitas e emiradenses, além de executivos do movimento rebelde houthi. O texto não especifica, entretanto, se algum desses nomes também figura na lista de possíveis suspeitos.
Guerra já dura cinco anos
Os houthis expulsaram o governo do Iêmen da capital do país em 2014. A coalizão de estados muçulmanos sunitas, liderada pela Arábia Saudita, interveio no ano seguinte para restaurar o governo deposto, em um conflito que já matou dezenas de milhares de pessoas.
"Ninguém tem as mãos limpas nesse conflito", assegurou Charles Garraway, um dos especialistas da ONU para o Iêmen, nesta terça (3).
O grupo da organização, que conseguiu realizar cerca de 600 entrevistas com vítimas e testemunhas, pediu à comunidade internacional que não forneça armas para serem usadas na guerra.
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