O ex-policial de Chicago Jason Van Dyke, que no mês passado recebeu uma sentença de 6 anos e 9 meses de prisão pelo assassinato do jovem Laquan McDonald, foi agredido por detentos em sua cela num presídio em Connecticut, disse sua mulher na quarta-feira (13).

"Estamos todos com medo pela vida de Jason", disse Tiffany Van Dyke ao jornal "Chicago Sun-Times". “Jason só quer cumprir sua sentença. Ele não quer nenhum problema. Espero que os funcionários da prisão tomem medidas para corrigir isso imediatamente. Ele nunca deveria estar entre os presos comuns".

Van Dyke foi transferido em 5 de fevereiro de uma prisão estatal não revelada de Illinois para uma prisão federal em Danbury, Connecticut. Sua família e advogados não sabiam sobre a transferência até um dia ou dois depois de ela acontecer.

Enquanto esteve preso em Illinois, Van Dyke foi mantido em isolamento e não teve problemas com outros presos. No entanto, na terça-feira, durante uma conversa com seus advogados, Van Dyke disse que havia sido espancado por outros presos quatro horas depois de chegar ao presídio.

Na quarta-feira, os advogados de Van Dyke receberam uma ligação anônima de um funcionário da prisão de Connecticut, que deu mais detalhes sobre a agressão e disse estar preocupado com a segurança do ex-policial.

16 tiros em 15 segundos

Em 5 de outubro, um júri da Comarca de Cook County condenou Van Dyke por assassinato porque o ex-policial disparou 16 tiros contra Laquan McDonald, de 17 anos, em um intervalo de 15 segundos.

Um vídeo divulgado na época mostrou que McDonald tinha uma faca, mas o adolescente não parecia estar se aproximando dos policiais que respondiam ao caso. O vídeo mostra o policial saindo de sua viatura e atirando em no rapaz repetidamente, mesmo depois de o jovem já estar deitado no chão.

 

Durante seu julgamento, o ex-policial testemunhou que acreditava que McDonald estava indo para cima dele com uma faca. Afirmou ainda que mandou McDonald largar a faca, mas ele não obedeceu.

Foi o primeiro caso em 35 anos na cidade de Chicago em que um policial foi acusado de assassinato em ocorrência durante o serviço.

"Meu foco era apenas naquela faca, e eu só queria que ele se livrasse daquela faca", disse Van Dyke.

Ele foi sentenciado em janeiro a menos de sete anos de prisão, o que provocou indignação da família McDonald, que considera a pena amena demais.

No início desta semana, o procurador-geral do estado de Illinois e um promotor especial entraram com uma petição na Suprema Corte do estado para contestar a sentença. Eles argumentaram que o juiz errou ao condenar Van Dyke "exclusivamente por assassinato em segundo grau", deixando de puni-lo pelas acusações de agressão com arma de fogo que também compunham o caso.

Citando um precedente legal, os promotores argumentaram que o juiz deveria ter sentenciado Van Dyke também pelas 16 acusações de agressão agravada com arma de fogo. Assim, o agente poderia ter pelo pego menos seis anos de prisão por cada acusação, o que daria 96 anos ao todo.

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