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INTERNACIONAL Segunda-feira, 27 de Agosto de 2018, 15:29 - A | A

Segunda-feira, 27 de Agosto de 2018, 15h:29 - A | A

"NÃO ERAMOS AMIGOS"

Trump não irá ao funeral de John McCain; veja carta de despedida deixada pelo senador aos americanos

G1

John McCain durante coletiva de imprensa no Capitólio em julho de ano passado (Foto: Foto: Aaron P. Bernstein/Reuters)

 

 

O presidente americano Donald Trump não comparecerá ao funeral de John McCain nem à homenagem póstuma que haverá para ele na capital Washington, disse um porta-voz da família do senador nesta segunda-feira (27). McCain morreu no último sábado, vítima de um câncer no cérebro.

 

Rick Davis, que também foi gerente de campanha de McCain e conselheiro de longa data, disse em entrevista coletiva em Phoenix que o vice-presidente Mike Pence servirá como representante do governo Trump em uma cerimônia em homenagem a McCain no Capitólio.

 

“O presidente não estará, pelo que sabemos, no funeral. Isso é apenas um fato”, disse Davis, recusando-se a reiterar o que já foi noticiado sobre os desejos da família. Já antes da morte de McCain, a imprensa americana divulgava que ele não queria que Trump fosse ao seu funeral.

 

Davis também leu uma carta que continha as palavras finais de McCain para o país. Na mensagem há trechos que podem ser considerados críticas a Trump, como quando McCain afirma que a grandeza dos Estados Unidos fica enfraquecida "quando nos escondemos atrás de muros, em vez de derrubá-los".

 

A rivalidade entre Trump e McCain está ficando cada vez mais escancarada com a morte do senador. McCain, que perdeu as eleições à Presidência em 2008 pelo Partido Republicano, disse em 2016 que não votaria em Donald Trump. O senador pelo Arizona criticou regularmente as ações do presidente republicano, tendo, inclusive, votado contra a derrubada parcial do Obamacare.

(Foto: NBC)

MAC2

 

 

"The Washington Post" revelou que o presidente ejeitou a publicação de um comunicado da Casa Branca, que prestava uma homenagem a McCain.

 

De acordo com o jornal, a Casa Branca redigiu um comunicado, no qual elogiava a figura daquele que foi prisioneiro durante a Guerra do Vietnã, destacando-o como "herói". O presidente disse a seus assessores, porém, que preferia publicar uma breve mensagem no Twitter, acrescentou o "Post", um gesto bastante representativo da inimizade entre ambos.

(Foto: Mandel Ngan/ AFP)

MAC3

 

 

"Minhas condolências e meus respeitos mais sinceros à família do senador McCain. Nossos corações e nossas orações estão com vocês", tuitou Trump, pouco depois do anúncio do falecimento de McCain.

 

O presidente optou por uma mensagem neutra, sem agradecimentos e sem qualquer referência à trajetória dessa figura da política americana.

 

A mensagem contrasta com as de muitos outros funcionários americanos de alto escalão, que publicaram comunicados à imprensa, ou mensagens no Twitter para homenagear McCain.

 

O vice-presidente Mike Pence tuitou: "Prestamos homenagem à sua vida dedicada a esta nação em nosso Exército e na vida pública". "Deus abençoe John McCain", completou.

 

A primeira-dama, Melania Trump, também lhe dedicou uma mensagem no Twitter: "Obrigada, senador McCain, por seu serviço à nação".

 

A mensagem do presidente após a morte de McCain e a revelação do "Post" ressaltaram a profunda inimizade entre ambos.

 

Bandeira hasteada

 

A bandeira americana da Casa Branca foi hasteada a meio pau no fim de semana, após a morte do senador, voltando à sua posição normal nesta segunda. Muitos consideraram isso um tempo muito curto de luto.

 

Veja abaixo a íntegra da carta de John McCain:

 

"Meus compatriotas, a quem sirvo com gratidão por sessenta anos, e especialmente meus companheiros do Arizona,

 

Obrigado pelo privilégio de servi-los e pela vida recompensadora que o serviço militar e em cargos públicos me permitiu liderar. Tentei servir nosso país honradamente. Cometi erros, mas espero que meu amor pela América pese favoravelmente contra eles. Tenho observado muitas vezes que sou a pessoa mais sortuda do mundo. Assim me sinto mesmo enquanto me preparo para o fim da minha vida. Amei a minha vida, toda ela. Tive experiências, aventuras e amizades suficientes para dez vidas satisfatórias, e sou muito grato. Como a maioria das pessoas, tenho arrependimentos, mas não trocaria um dia da minha vida, nos bons e nos maus momentos, pelo melhor dia de qualquer outra pessoa.

 

Devo essa satisfação ao amor da minha família. Nenhum homem teve uma esposa ou filhos mais amorosos, ele era mais orgulhoso do que eu sou. E devo isso à América. Estar ligado às causas da América - liberdade, justiça e respeito pela dignidade de todas as pessoas - traz felicidade mais sublime do que os prazeres fugazes da vida. Nossas identidades e senso de valor não são circunscritos, mas ampliados por servir boas causas maiores do que nós mesmos.

 

Companheiros americanos - essa associação significou mais para mim do que qualquer outra. Vivi e morri um americano orgulhoso. Somos cidadãos da maior república do mundo, uma nação de ideais, não de sangue e solo. Somos abençoados e somos uma bênção para a humanidade quando defendemos e promovemos esses ideais em casa e no mundo. Nós ajudamos a libertar mais pessoas da tirania e da pobreza do que nunca na história. Nós adquirimos grande riqueza e poder no processo.

 

Nós enfraquecemos nossa grandeza quando confundimos nosso patriotismo com rivalidades tribais que semearam ressentimento, ódio e violência em todos os cantos do globo. Nós a enfraquecemos quando nos escondemos atrás de muros, em vez de derrubá-los, quando duvidamos do poder de nossos ideais, em vez de confiar que eles são a grande força de mudança que sempre foram.

 

Somos trezentos e vinte e cinco milhões de indivíduos vociferantes e opinativos. Discutimos e competimos e, às vezes, nos criticamos mutuamente em nossos estridentes debates públicos. Mas sempre tivemos muito mais em comum uns com os outros do que em desacordo. Se ao menos nos lembrarmos disso e dermos um ao outro o benefício da presunção de que todos nós amamos nosso país, passaremos por esses tempos desafiadores. Passaremos por eles mais fortes do que antes. Sempre passamos.

 

Há dez anos, tive o privilégio de admitir a derrota na eleição presidencial. Quero terminar minha despedida a vocês com a sincera fé nos americanos que senti tão poderosamente naquela noite. Sinto-a poderosamente parada.

 

Não se desespere com nossas dificuldades atuais, mas acredite sempre na promessa e na grandeza da América, porque nada é inevitável aqui. Os americanos nunca desistem. Nós nunca nos rendemos. Nunca nos escondemos da história. Nós fazemos história.

 

Adeus, companheiros americanos. Deus os abençoe e que Deus abençoe a América"

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