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ESPORTE Sábado, 28 de Dezembro de 2019, 08:14 - A | A

Sábado, 28 de Dezembro de 2019, 08h:14 - A | A

ANO TURBULENTO

Crise surreal, queda para a Série B, ídolo manchado e renúncia... A retrospectiva 2019 do Cruzeiro

GLOBO ESPORTE

REPRODUÇÃO

CRUZEIRO

 

Um ano recheado de decepções e para servir de ponto de partida para a reconstrução. Assim pode ser descrito o 2019 do Cruzeiro. Temporada, esta, que começou sob forte investimento no elenco e promessa de briga por todos os títulos, mas terminou com a maior crise política e financeira da história do clube e com o inédito rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro. Abaixo, o GloboEsporte.com faz a retrospectiva do ano cruzeirense.

 

Arrascaeta sai pela porta dos fundos

A reapresentação do elenco teve uma surpresa. E das grandes. Arrascaeta, que foi um dos principais nomes do Cruzeiro no título da Copa do Brasil de 2018, não compareceu à Toca da Raposa. O desejo dele era ser negociado com o Flamengo, que havia procurado o jogador durante as férias, no Uruguai. Após declarações polêmicas por parte dos dois clubes e também do agente de Arrascaeta, o meia foi vendido ao Rubro-Negro.

 

Elenco reforçado

O grupo bicampeão da Copa do Brasil foi reforçado para 2020. A ideia da diretoria era montar um elenco capaz de seguir lutando pelos mata-matas (tinha também a Libertadores) e, ao mesmo tempo, brigar pelo título do Brasileirão.

 

Arrascaeta foi a única perda relevante, mas Rodriguinho, Pedro Rocha, Dodô e Orejuela foram contratados. Os três primeiros chegavam respaldados por boas temporadas recentes, enquanto o lateral colombiano era uma aposta para brigar com Edilson pela titularidade, em uma posição que gerou dor de cabeça em 2017 e 2018.

 

Invencibilidade e título

O início de ano foi condizente com as expectativas criadas. O Cruzeiro venceu o Campeonato Mineiro de forma invicta e teve a segunda melhor campanha da fase de grupos da Copa Libertadores, sofrendo apenas dois gols em seis partidas. A queda da invencibilidade na temporada só aconteceu dia 27 de abril, na estreia do Brasileirão, contra o Flamengo. Antes disso, foram 16 vitórias e cinco empates em 21 jogos. Entre jogos do Estadual e da Libertadores, o time chegou a emendar 11 triunfos.

 

O estouro da crise

Com o início do Brasileiro, os resultados em campo pioraram, mas o cenário mais catastrófico era o interno. A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou inquérito para apurar denúncias sobre falsificação de documento particular, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro por parte de integrantes da diretoria celeste. Além disso, pagamentos do clube a torcidas organizadas, contratos com intermediários foram expostos.

 

Além disso, houve a denúncia sobre os altos salários pagos a Itair Machado e Sérgio Nonato, então vice-presidente e diretor-geral, respectivamente. A pressão sobre o presidente Wagner Pires de Sá aumentou, já que ele foi o responsável por colocar a dupla na diretoria cruzeirense.

 

Atrasos salariais

A crise financeira do clube ficou descontrolada. Então, os salários em atraso atingiu todos os níveis. O atacante Fred, por exemplo, em julho de 2019, acumulava atrasos no acerto dos direitos de imagem desde a assinatura do contrato, em janeiro de 2018. O Cruzeiro parou de pagar, aumento a dívida e até mesmo os funcionários da sede administrativa não receberam. No fim do ano, cozinheiros da Toca I sofreram com a falta de pagamento.

 

Fim de uma era

Os resultados em campo foram piorando a cada dia, e a pressão sobre Mano Menezes crescia. A classificação sobre o Atlético-MG nas quartas de final da Copa do Brasil deu um respiro ao treinador. O que não durou muito. Com a derrota para o Inter na ida das quartas da mesma competição, no Mineirão, ele foi demitido. Em pouco mais de três anos na Toca da Raposa, Mano conquistou duas Copas do Brasil (2017 e 2018) e dois Mineiros (2018 e 2019).

 

Ceni do céu ao inferno

A aposta da diretoria do Cruzeiro para o lugar de Mano Menezes foi Rogério Ceni, técnico da nova safra, com ideia de um jogo ofensivo, totalmente diferente do antecessor. O ex-goleiro chegou à Toca com novos treinos, ganhou elogios dos comandados e, logo na estreia, mostrou o cartão de visitas: vitória por 2 a 0 sobre o então líder Santos.

 

A Lua de Mel do treinador com o elenco, no entanto, não durou muito. Trocou declarações polêmicas com Thiago Neves, uma delas envolvendo a amizade do meia com o lateral Edilson. Diante do Ceará, colocou TN10 no banco e, depois do empate sem gols, Dedé fez uma cobrança ao treinador no vestiário do Castelão. A diretoria, ainda capitaneada por Itair Machado, dava mais respaldo ao elenco do que ao treinador, que acabou demitido após apenas oito jogos.

 

Queda dos aliados de Wagner

O protecionismo sobre os jogadores, que àquela altura não apresentavam praticamente nada em campo, gerou muita pressão interna e também dos torcedores sobre a diretoria. Os principais alvos foram, novamente, Sérgio Nonato e Itair Machado.

 

No dia 4 de outubro, uma semana depois da demissão de Rogério, Sérgio pediu demissão da diretoria-geral. No dia 10, Itair foi demitido. Os dois principais aliados de Wagner Pires de Sá estavam, pelo menos em tese, fora do Cruzeiro.

 

O retorno de Zezé Perrella

Com a saída de Itair, o futebol passou a ser responsabilidade de um velho conhecido do Cruzeiro: Zezé Perrella, então presidente do Conselho Deliberativo. Assumiu o departamento com um discurso de “salvador da pátria”, mas não conseguiu, na prática, mostrar isso. Foi retirado da cúpula celeste por Wagner Pires de Sá no dia 12 de dezembro, dois meses após a assumir a função de gestor do futebol.

 

“Medalhões” em xeque

O elenco do Cruzeiro, tido por muitos como um dos mais fortes do Brasil no início do ano, foi demonstrando várias deficiências ao longo do ano, sobretudo com o baixo rendimento dos “medalhões”. Thiago Neves, Edilson, Fred, Pedro Rocha, Egídio, Robinho e Marquinhos Gabriel tiveram uma temporada pífia e, em vários momentos, frequentaram o banco de reservas.

 

Base como salvação

Em meio ao baixo rendimento dos jogadores mais experientes, da presença de vários deles no departamento médico e também da venda de alguns titulares, o Cruzeiro precisou apostar na base durante o segundo semestre.

 

As oportunidades aos garotos surgiram com Rogério Ceni e seguiram acontecendo com Abel (no caso do segundo, por extrema necessidade). O zagueiro Cacá e o volante Éderson terminaram o ano em alta, como titulares. Maurício foi outro que ganhou algumas oportunidades.

 

Acabou a idolatria

Thiago Neves chegou ao Cruzeiro em 2017 com o peso de ser a maior contratação para aquele ano. Depois de um início complicado, logo deu as cartas, mostrando o motivo pelo qual tinha sido o escolhido da então diretoria, capitaneada por Gilvan de Pinho Tavares. Com gols em clássicos e sendo decisivo no título da Copa do Brasil, caiu nas graças da torcida.

 

E em 2018 não foi diferente. Fez gol na final do Mineiro e também na decisão da Copa do Brasil, duas competições que o Cruzeiro ergueu a taça. O lugar de ídolo do clube parecia ser intocável. Em janeiro de 2019, em meio ao forte interesse do Grêmio, renovou contrato com a Raposa.

 

No entanto, a temporada dele foi desastrosa. Mal conseguiu jogar na primeira fase do Mineiro, em função de lesões na panturrilha. Chegou a ser protagonista na Copa do Brasil, com gol sobre o Atlético, nas quartas de final, mas teve enfrentamento com Rogério Ceni e com Zezé Perrella, foi visto por torcedores em uma festa quando deveria estar se recuperando de lesão e acabou afastado do elenco por este motivo. No último dia 20, entrou com ação na Justiça do Trabalho, cobrando R$16 milhões do clube, além da rescisão indireta do contrato.

 

Rebaixamento

O Cruzeiro trocou de treinador, tentou a salvação com um velho conhecido - Adilson Batista - e duelou diretamente com o Ceará para escapar da última vaga do rebaixamento. Por três vezes, a Raposa teve a "faca e o queijo" nas mãos para sair do Z-4. Mas acumulou cinco derrotas nas cinco últimas rodadas do Brasileirão. A queda iminente foi sacramentada no Mineirão. Enquanto o Ceará arrancava empate diante do Botafogo, a Raposa perdia para o Palmeiras em casa, com o jogo sendo interrompido antes da hora e o Gigante da Pampulha virando praça de guerra.

 

Renúncia da diretoria

A inédita queda para a Série B tornou a permanência do presidente Wagner Pires de Sá insustentável. Entre áudios vazados, novas polêmicas e indefinições, o mandatário aceitou assinar a carta de renúncia. Ao lado dele, o vice-presidente Hermínio Lemos também tomou a saída. Faltava Ronaldo Granata, o segundo vice. Ele, após relutar, aceitou colocar a assinatura no papel. A chapa "União" estava destituída do cargo dias depois de Zezé Perrella também deixar o clube de forma definitiva.

 

José Dalai Rocha, vice-presidente do Conselho e presidente em exercício do clube, convocou um novo núcleo administrativo. Conselheiros notáveis, empresários renomados de Minas Gerais, assumiram a Raposa e tentam a salvação financeira, política e futebolística do clube que irá completar 99 anos em 2 de janeiro de 2020.

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