Cuiabá, 26 de Abril de 2024
Notícia Max
26 de Abril de 2024

ESPORTE Terça-feira, 01 de Outubro de 2019, 14:00 - A | A

Terça-feira, 01 de Outubro de 2019, 14h:00 - A | A

ESTÁDIO

Fato ou fake? Checamos algumas das frases mais ditas (e polêmicas) sobre a Arena Corinthians

Globo esporte

MARCOS RIBOLLI

ARENA

 

A Arena Corinthians foi inaugurada em 2014, mas até hoje desperta dúvidas e debates entre torcedores do Timão e os chamados "antis", torcedores de outros clubes.

 

Seja num churrasco com os amigos ou em algum grupo de WhatsApp, você já deve ter ouvido afirmações como "o estádio foi um presente do Lula ao Corinthians" ou "a Arena foi construída com dinheiro público".

 

A execução da dívida do Timão com a Caixa, que levou a Arena Itaquera S/A para o cadastro de inadimplentes do Serasa, retomou não só as discussões, mas também as zoeiras.

 

Porém, o que é verdade e o que é mentira quando o assunto é a casa corintiana em Itaquera? Em tempos em que as fake news (termo em inglês para notícias falsas) são propagadas aos montes, o GloboEsporte.com checou o que tem sido dito por aí sobre a Arena Corinthians.

 

Lula ajudou a viabilizar a obra

Fato.

 

Não é segredo para ninguém que o ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva é torcedor do Corinthians e funcionou como uma ponte entre o Timão e a Odebrecht, empreiteira responsável pela construção da Arena.

 

Em 2011, em entrevista à Revista Época, Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, admitiu a participação de Lula nas reuniões que selaram o acordo financeiro entre a construtora e o clube.

 

– A parte financeira ninguém mexeu. Só eu, Lula e o Emílio Odebrecht (presidente do Conselho de Administração da Odebrecht e pai de Marcelo Odebrecht, preso na operação Lava-Jato) – disse Andrés, em 2011.

– Não vai ficar feio para ninguém (quando a história for a público). Vai ficar, talvez, não imoral, mas difícil para o Lula – completou.

 

Marcelo Odebrecht, que de 2008 a 2015 presidiu a construtora, também falou sobre isso em sua delação premiada, em 2017. Alvo da Operação Lava Jato, o ex-executivo da empreiteira segue preso, assim como Lula.

 

– Esse assunto, como ele nasceu? É meio que um pedido de Lula para o meu pai: “Ajude o Corinthians a construir um estádio privado”. Só isso. Nesse assunto eu não me envolvi, mas começamos a tentar ajudar o Corinthians a fazer o estádio, que na época era R$ 300 ou R$ 400 milhões – disse Marcelo.

 

Mas, se você já ouviu que o ex-presidente deu a Arena de presente para o Corinthians, isso é fake. Como você já deve ter ouvido e lido diversas vezes no noticiário, o Timão tem uma dívida e, apesar de dificuldades, está pagando pelo estádio.

 

A Arena foi construída com dinheiro público

Essa essa é uma afirmação clássica, que você já deve ter ouvido dezenas de vezes, não é mesmo? Mas ela é... Fake!

 

Não houve aporte de dinheiro público diretamente para a construção da Arena. O que o clube conseguiu foi um empréstimo de R$ 400 milhões junto à Caixa e ao BNDES. Isso não foi uma exclusividade do Timão. Outros estádios construídos ou reformados para a Copa do Mundo de 2014 também contaram com financiamento do programa ProCopa Arenas. São eles:

 

Mané Garrincha (Brasília)

Maracanã (Rio de Janeiro)

Arena da Amazônia (Manaus)

Arena Pantanal (Cuiabá)

Castelão (Fortaleza)

Arena da Baixada (Curitiba)

Arena Fonte Nova (Salvador)

Arena das Dunas (Natal)

Beira-Rio (Porto Alegre)

Arena Pernambuco (Recife)

Este financiamento contou com taxas e condições de pagamento diferenciadas, para permitir que o Mundial fosse realizado no Brasil.

 

De acordo com o Corinthians, já foram pagos R$ 170 milhões à Caixa pelo empréstimo. Porém, com juros e correções, o valor atual da dívida é de R$ 487 milhões nas contas do clube. A Caixa, por sua vez, alega que tem R$ 536 milhões a receber.

 

Mas essa história de ter ou não dinheiro público é ainda mais complexa.

 

Além do financiamento, o Corinthians também obteve outro benefício governamental: os CIDs, Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento. Você sabe o que é isso?

 

Tratam-se de incentivos fiscais concedidos pela Prefeitura de São Paulo para empresas que investem na Zona Leste, em obras de infraestrutura das mais diversas espécies. No caso do Corinthians, uma contrapartida aos benefícios trazidos à economia da região pelo estádio e pela abertura da Copa do Mundo em 2014.

 

Os CIDs podem ser usados para abater parte do valor pago com impostos municipais, como IPTU, ISS e ITBI.

 

Inicialmente, o Corinthians recebeu R$ 420 milhões em CIDs, mas estes papéis se valorizam com o passar do tempo.

 

Neste ano, o Timão repassou todos os seus CIDs à Odebrecht, como forma de abater parte da dívida que tinha com a construtora.

 

Em resumo: os governos federal, estadual e municipal não deram dinheiro para a Arena Corinthians, mas houve, sim, alguns benefícios do poder público para a construção do estádio.

 

A Arena foi investigada pela Lava-Jato

Fato.

 

Em 2016, o então vice-presidente do clube, André Luiz de Oliveira, conhecido como André Negão, foi conduzido de maneira coercitiva à Polícia Federal para prestar depoimento na Operação Xepa, a 26ª fase da Operação Lava-Jato para falar sobre a suspeita do recebimento de propina.

 

No mesmo dia, foram encontradas em sua casa duas pistolas calibre 380, levando-o a prisão por posse ilegal de arma de fogo. O então vice foi liberado depois de pagar R$ 5 mil de fiança.

 

André Negão é suspeito de receber R$ 500 mil de propina pela obra em Itaquera. Uma planilha colhida pela Polícia Federal mostrava o pagamento a alguém de codinome "Timao". De acordo com a investigação, seria esta a alcunha do vice corintiano.

 

A construção do estádio fez parte de um conjunto de obras realizadas pela Odebrecht nas quais o Ministério Público Federal suspeita ter ocorrido pagamento de propinas. Atualmente, os processos correm todos em segredo de Justiça e até o momento ninguém do clube foi indiciado.

 

Além disso, de acordo com a "Folha de S. Paulo", a Odebrecht relatou o pagamento de R$ 2,5 milhões de caixa dois para a campanha de 2014 de Andrés Sanchez, eleito deputado federal (PT-SP) naquele ano. As afirmações constam das delações premiadas do ex-diretor-superintendente Luiz Bueno e do ex-presidente de Infraestrutura do grupo baiano, Benedito Júnior, o BJ.

 

A dívida é impagável

Esse é dos temas que mais geral discussões e, claro, memes. Mas é bom saber: isso é fake!

 

Chamamos o jornalista Rodrigo Capelo, especialista em finanças e negócios do esporte, para explicar como é difícil, mas não impossível pagar a dívida da Arena Corinthians em médio e longo prazo.

 

– Arena Corinthians não é impagável. O que aconteceu é que anos atrás, logo depois da inauguração, você via as receitas e despesas e por ali via o excedente, aquele valor que a Arena tinha para pagar as dívidas que tinham sido feitas na sua construção e a conta não fechava. Tinha CID's que estavam sendo questionados pela Justiça com a venda travada, financiamento da Caixa e do BNDES cujas parcelas tiveram que ser suspensas porque o Corinthians não estava dando conta de pagar, tinha Odebrecht com dificuldades financeiras, envolvida em Lava-Jato com dinheiro que ela mesma aportou no negócio, não se sabia como iria se pagar sem as CID's. Anos atrás, havia sim uma impressão de que o Corinthians não tinha condições de pagar a Arena. Mas isso é um retrato de curto prazo. A médio e longo prazo, conforme a Arena entra no eixo e começa a gerar mais dinheiro não só com bilheteria, mas estacionamento, bar, restaurante, patrocínios, outras receitas, também aprende a controlar melhor os custos, é claro que passa a ser pagável a médio e longo prazo – explicou Capelo, e seguiu:

 

– Quanto custa ou quanto custou a Arena? As contas passam de R$ 1 bilhão, iria para 1,5 bilhão, tinha gente que falava em R$ 2 bilhões. E isso já não fazia sentido, porque era como financiar um apartamento e ficar preocupado se vai custar daqui a 30 anos um determinado valor se não está conseguindo pagar as parcelas de hoje. O problema maior é o Corinthians não dar conta de pagar as parcelas. É preciso descobrir como ele está equacionando essas dívidas que foram feitas nas construções agora. De qualquer maneira, impagável não é.

 

O valor total da obra da Arena Corinthians foi R$ 985 milhões. Porém, com juros e gastos com overlay (estruturas temporárias utilizadas na Copa do Mundo), o custo superou R$ 1,2 bilhão. Com o tempo, esse montante vai aumentando por juros, multas e outros encargos.

 

Em reunião no Conselho Deliberativo do Timão na última segunda-feira, Andrés afirmou que o clube tentará fazer um novo acordo com a Caixa.

 

Esse talvez seja o assunto do momento quando o tema é Arena Corinthians. Ele tem servido de gozações dos "antis", mas as informações estão sendo distorcidas. Vamos entender.

 

No mês passado, quem teve o nome incluído na lista de inadimplentes do Serasa não foi o Timão, mas sim a Arena Itaquera S/A, empresa sócia do Corinthians e dona do estádio.

 

Na prática, isso não prejudicia o clube, já que quem opera de fato o estádio é o Corinthians e quem controla as contas é o Fundo Arena.

 

 

Apesar disso, a simples divulgação da notícia gerou memes na internet. E, claro, os rivais fizeram a festa...

 

Timão desistiu de vender os naming rights

Ah, os naming rights... assunto antigo, mas não esquecido pelo Corinthians.

 

É fake a afirmação de que o clube desistiu de vender o nome do estádio para alguma empresa.

 

Porém, neste momento, o clube acha difícil conseguir.

 

Em junho, Caio Campos, executivo de marketing do clube, falou ao GloboEsporte.com sobre a dificuldade em conseguir achar um comprador.

 

– Vou falar por mim, bolar nova estratégia é difícil. Já foi mudada. Na construção, tínhamos um momento bom do país e chegamos perto. A gente teve restrição por causa do nome não ser falado pelas emissoras de TV. Fomos lá, negociamos nas emissoras, voltamos para as negociações falando que já tínhamos pré-acordo e não deu certo. Saí do Corinthians, voltei (em 2018) e começamos de novo. A gente negocia diretamente, com ajuda terceiros, empresas internacionais que estavam em acordo com a gente porque já fecharam naming rights em outros lugares do mundo... Chegamos perto de um acordo para eles negociarem por nós.Não queremos gerar uma expectativa ruim para o torcedor. Agora, ninguém está parado, estamos trabalhando – disse Caio, à época.

 

Apesar de ter iniciado diversas negociações há anos, o Corinthians não tem conseguido comercializar essa propriedade. Ainda na época da inauguração da Arena, o clube planejava receber algo em torno de R$ 300 milhões pela cessão do nome do estádio por 20 anos. Hoje, a diretoria já admite aceitar valores menores.

 

Caiu em Itaquera? Já era!

Pra alegria da Fiel torcida, isso é fato!

 

Na Arena, o Corinthians tem retrospecto amplamente favorável, de 71% dos pontos. São 118 vitórias, 49 empates e apenas 20 derrotas. São 298 gols marcados e apenas 121 sofridos em 187 jogos. Mais do que isso, em casa o Timão coleciona bons momentos.

 

Em 2015, depois de já ter conseguido conquistar o Brasileirão, o Timão reencontrou a Fiel torcida em casa em um inesquecível 6 a 1 aplicado no rival São Paulo.

 

Em 2017, o Timão venceu a Ponte Preta em casa, conquistando o Campeonato Paulista daquele ano.

 

Neste ano, o tricampeonato estadual também foi conquistado em casa, com vitória sobre o São Paulo.

CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.

0 Comentários