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ESPORTE Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2020, 08:36 - A | A

Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2020, 08h:36 - A | A

"MEXE O DOCE"

Regras e ruídos jogaram contra Dudamel, que não conseguiu "mexer o doce" no Atlético-MG

Globo Esporte

Reprodução

Bruno Cantini/Atlético-MG

 

Futebol é resultado, e a falta deles foi a principal razão da demissão precoce de Rafael Dudamel no Atlético-MG. Mas não foi a única. Além da demora para encontrar um padrão de jogo para o time, o venezuelano também conviveu com dificuldades extracampo. Nessa quinta, em conversa com PVC, Sérgio Sette Câmara disse que "técnico precisa saber como mexer o doce". E o GloboEsporte.com traz algumas informações de bastidores que ajudam a entender o que o presidente quis dizer.

 

"Mexer o doce" é uma metáfora que encaixa perfeitamente com o desafio que um treinador tem para lidar com o grupo de trabalho, especialmente os jogadores. Rafael Dudamel veio de outro país, de outra cultura, e teve dezenas de ruídos com os atletas atleticanos. Apesar de ter declarado que é um treinador maleável, que estava se esforçando diariamente para se adaptar à cultura brasileira, alguns episódios no dia a dia do Galo mostraram o contrário, e o grupo atleticano não estava completamente satisfeito com o trabalho do comandante.

 

A reportagem apurou, durante as últimas semanas (e com várias fontes) algumas insatisfações que rondavam a rotina atleticana. Veja abaixo.

 

"Feijão com arroz": Dudamel cobrava, no dia a dia de treinos, que os jogadores fossem "simples". Desestimulava jogadas de efeito e pedia que os atletas fizessem o básico, o que desagradou boa parte dos atletas, que entendem que o improviso é um elemento fundamental do futebol brasileiro.

 

Jogadores fora de posição: na rotina (e nos jogos), Dudamel insistiu em atletas atuando fora da posição de origem (ou de preferência). O caso mais claro foi o de Jair, que fez um grande 2019 atuando como primeiro volante, mas demorou para voltar a essa posição com o treinador venezuelano. O jogador não escondeu que estava "fora d'água" atuando mais avançado.

Todos juntos, tudo padronizado: algumas regras de convivência também geraram incômodos. Nas refeições em dias de concentração, por exemplo, todos os jogadores tinham que entrar juntos e sair juntos do refeitório. Com o mesmo uniforme. O uso de celular nos momentos em que o elenco estava reunido também gerava resmungos do "profe". Não era uma proibição, mas o treinador não gostava.

 

Pontualidade "britânica": Dudamel também era exigente com horários. Na avaliação de alguns jogadores, exigente até demais. O treinador chegou a cogitar estipular um horário para que familiares dos atletas fossem ao CT em dias de concentração para pegar ingressos para os jogos, por exemplo (jogadores têm direito a algumas entradas), atitude vista como exagerada por boa parte do grupo.

 

Pouco descanso: parte dos jogadores do Atlético avaliam que Rafael Dudamel não estava sendo razoável em decisões de programação que interferem no descanso do grupo. Um episódio que gerou reclamações foi a sequência de viagens da Argentina (onde o Galo encarou o Unión) até Patos de Minas (onde o Galo enfrentou a URT), quando os voos tiveram problemas (em função do tempo chuvoso), as viagens foram muito mais longas que o previsto e, apesar dos contratempos, Dudamel levou todos os jogadores a campo logo após a chegada à Cidade do Galo (entre uma viagem e outra) e, na sequência, divulgou que todos viajariam para o interior mineiro (inclusive os titulares que, mesmo viajando, ficaram no banco por questões físicas).

Esses são alguns episódios que ilustram que Rafael Dudamel não estava em perfeita sintonia com os jogadores. Ele mesmo havia indicado isso nas entrelinhas de algumas respostas, especialmente na entrevista coletiva após a derrota do Atlético para a Caldense, no Mineirão, pelo Campeonato Mineiro.

 

"Isso que aconteceu hoje me serve para ver caras, para saber quem está com o Atlético, para saber quem nos acompanha e quem nos dá respaldo" - disse, na ocasião.

- O que mais temos pedido é sinceridade, apoio e união para continuar trabalhando, enfrentar as adversidades juntos e seguir com a convicção que vamos alcançar grandes vitórias. Na adversidade a gente fortalece a equipe. A gente conversa frente a frente, olhando nos olhos, com sinceridade, assumindo a responsabilidade pelas derrotas, mas também conhecendo quem pode e quer seguir à frente - completou Dudamel naquela entrevista coletiva.

 

Os ruídos se juntaram às derrotas e eliminações e causaram a demissão de Dudamel. Com ele e sua comissão, caíram Rui Costa e Marques. O Galo, agora, está no mercado à procura de um novo treinador. Vários nomes já foram especulados, com diferentes perfis, mas uma coisa é certa: Sette Câmara vai atrás de alguém que saiba "mexer o doce".

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