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ESPORTE Sábado, 02 de Março de 2019, 11:09 - A | A

Sábado, 02 de Março de 2019, 11h:09 - A | A

FLAMENGO

Viagem e desdobramentos da tragédia geram primeiras turbulências políticas para Landim

Globo Esporte

 

Passadas as primeiras semanas do luto, a tragédia do Ninho do Urubu e seus desdobramentos geram reflexos na política interna do Flamengo. Os bastidores do clube vivem momentos turbulentos, e a licença do presidente Rodolfo Landim por 11 dias para viajar por motivos pessoais agravou a situação. Tudo isso a poucos dias da estreia na Libertadores, com o CT recém-inaugurado interditado.

 

Opositores e até aliados lamentam a viagem de Landim. A principal queixa é que o clube ainda não superou o trauma da maior tragédia de sua história. E nem teria como. O presidente comunicou apenas que ficará de licença até 16 de março, por motivos pessoais. Como o vice geral e jurídico Rodrigo Dunshee também vai viajar durante o Carnaval, o comando do Flamengo ficará até Quarta-Feira de Cinzas com Antônio Alcides, presidente do Conselho Deliberativo. Não soou como uma decisão acertada do presidente no momento.

 

- O clube tem gente competente para tomar decisões durante o período de Carnaval - disse uma fonte da diretoria, que preferiu não se identificar.

 

Postura desagrada velhos caciques

Antes mesmo da viagem de Landim, nomes de peso na Gávea, como ex-presidentes e grandes beneméritos, já haviam solicitado encontro com o presidente para esclarecer e avaliar a postura do clube após a tragédia do Ninho. O pedido aconteceu logo após reclamações fortes dos familiares das vítimas depois do encontro com advogados do Flamengo no Tribunal de Justiça.

 

Na ocasião, o vice geral Rodrigo Dunshee compareceu ao TJ, mas deixou o local antes do fim da conversa, o que irritou as famílias. Landim sequer apareceu. Após mais de duas horas, Dunshee foi despachar com o juiz Bruno Monteiro Ruliére para tentar evitar a interdição imediata do Ninho do Urubu e o bloqueio dos bens do clube, como proposto pelo Ministério Público. Posteriormente, justificou à "Coluna do Flamengo", mas suas declarações não caíram bem.

 

O desconforto público, de certa forma, acelerou a entrevista de Landim, no último domingo. Até então, o presidente do Flamengo havia feito apenas curtos pronunciamentos. Internamente, a postura silenciosa era entendida como estratégica por questões jurídicas. Após a declaração das famílias, passou a incomodar pessoas fortes do clube. O presidente falou, acalmou os ânimos e pediu para que o encontro com os grandes beneméritos ocorresse após sua viagem. Antes, conseguiu fechar acordo de indenização com uma das dez famílias. Outras três famílias conversam com o clube, que diz que as negociações seguem durante o Carnaval.

 

Eleição do Conselho Fiscal como termômetro

Landim tem um estilo próprio de governar. Durante a campanha, deixou claro que não seguiria o perfil de seu antecessor, Eduardo Bandeira de Mello. Não estava em seus planos, por exemplo participar de forma tão ativa do departamento do futebol, como apresentar jogadores, centralizar decisões ou frequentar vestiários. “Se me virem no Ninho, é porque tem algo errado'', chegou a dizer durante a campanha. Não participou, por exemplo, das apresentações dos grandes reforços de seu início de gestão, como Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique.

 

Esse estilo discreto agradava aliados e até opositores. O problema é que, com a mudança do cenário, diante de uma crise sem precedentes, a mesma postura foi interpretada como omissão.

 

Nos corredores da Gávea, há quem avalie que o apoio maciço de grupos políticos já não mais é o mesmo. A eleição do Conselho Fiscal, prevista para março, pode ser um bom termômetro, por mais que o grupo de Landim ainda tenha muito apoio.

 

Indicação de diretor irrita até aliados

A viagem e o adiamento da reunião, no entanto, estão longe de serem as únicas polêmicas nos corredores da Gávea. A nomeação de Cacau Cotta – responsável pela sede da Gávea durante a gestão de Patrícia Amorim - para o cargo não remunerado de diretor de Relações Externas, na última quinta-feira, também não foi bem recebida, inclusive por aliados de Rodolfo Landim.

 

Cotta será diretamente subordinado a Luiz Eduardo Batista, o BAP. Ao menos dois grupos políticos da base de Landim manifestaram repúdio à indicação. O “Fla+” e o “Ideologia” solicitaram, por meio de notas, que o presidente reveja sua posição.

 

Com perda de apoio ou não, é fato que Landim e seus aliados gozaram pouco da tradicional lua de mel de 100 dias, costumeira após eleições com vitórias significativas, como foi seu caso. Após o mês de janeiro glamoroso, com contratações de impacto, que encheram torcedores e sócios de esperança, a maré mudou tão logo começou fevereiro – o incêndio no Ninho do Urubu deu início a uma sucessão de notícias negativas e precipitou as críticas internas.

 

Um rápido desfecho nas negociações indenizatórias e o sucesso no futebol são apontados como fundamentais para que o Flamengo viva dias mais calmo na Gávea, após um início de ano para lá de conturbado.

 

 

 

 

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