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INTERNACIONAL Quinta-feira, 03 de Janeiro de 2019, 14:45 - A | A

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ÍNDIA

Por que o Taj Mahal corre o risco de desaparecer

BBC

Taj Mahal

 

Shamshuddin Khan organiza visitas para o Taj Mahal, na Índia, há mais de 30 anos e foi guia turístico de mais de 50 chefes de Estado de todo o mundo. Durante esse tempo, viu seu cabelo embranquecer e o Taj Mahal ficar mais escuro. Ao se aproximar da construção, Khan mostra as rachaduras e o mármore danificado da edificação.

 

"Há momentos vergonhosos, em que os turistas estrangeiros me perguntam porque o Taj Mahal não é mantido como deveria. Também nos perguntam por que está perdendo sua cor e brilho. Nós, os guias, não temos as respostas", diz Khan.

 

O Taj Mahal é um dos principais pontos turísticos da Índia. De 2010 a 2015, recebeu entre quatro e seis milhões de turistas, segundo o Ministério de Turismo e Cultura do país. Foi construído na cidade de Agra, no século 17, pelo imperador Shah Jahan. Era um mausoléu para sua rainha favorita, Mumtaz Mahal, que morreu ao dar à luz o décimo quarto filho do casal.

 

Para construir o edifício, o imperador encomendou mármore do Rajastão, que tem uma característica singular: parece rosa pela manhã, branco à tarde e leitoso à noite.

 

Problemas estruturais

Mas o Taj Mahal começou a perder seu brilho. Suas fundações estão danificadas e as rachaduras estão cada vez maiores e mais produndas na cúpula de mármore do monumento. Diz-se que as partes superiores dos minaretes estão à beira do colapso. No começo deste ano, ventos fortes provocaram a queda de dois pilares do lado exterior.

 

Em julho de 2018, o ambientalista e advogado MC Mehta apresentou uma petição para o Supremo Tribunal da Índia solicitando novos esforços para salvar o Taj Mahal. Os juízes concordaram e ordenaram audiências periódicas com os responsáveis pela conservação do edifício.

 

A corte criticou a letargia dos funcionários públicos a respeito do destino da construção mais famosa da Índia. "O Taj Mahal deve ser protegido. Porém, se a indiferença dos funcionários continua, então, deve fechar. Inclusive, se as coisas não forem feitas corretamente, as autoridades deveriam demolí-lo", disse a sentença.Se por um lado muito poucos estão dispostos a tolerar a demolição do Taj Mahal, por outro lado a mera menção desta ideia pelo Supremo Tribunal indica que há uma verdadeira interrogação sobre seu futuro.

 

Poluição do ar, chuva ácida e mudança de cor do Taj Mahal

A petição que MC Mehta entregou ao Supremo Tribunal este ano não foi a primeira. Desde meados dos anos 1980, o ambientalista e advogado tem cobrado as autoridades indianas para que tomem medidas para preservar o Taj Mahal.

 

Naquela época, os ambientalistas estavam particularmente preocupados com uma refinaria de petróleo em Mathura, a 50 quilômetros de distância, que havia começado a funcionar na década de 1970. Em 1978, um comitê de especialistas que estudou a qualidade do ar em Agra e seus arredores descobriu níveis substanciais de dióxido de enxofre na atmosfera.

 

Além do dano para a saúde pública, esta contaminação também era danosa para o Taj Mahal. O dióxido de enxofre, junto com outros poluentes, se combina com a umidade na atmosfera, provocando a chuva ácida.

 

Um relatório elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para o governo indiano descobriu que o monumento estava se tornando amarelo devido a "partículas suspensas e poeira na superfície".

 

A ameaça ao Taj Mahal não provém apenas do ar, mas também da água. O trecho do rio Yamuna que passa por Agra é um dos canais mais contaminados do mundo. "As indústrias ao longo do rio, desde Delhi até Agra, estão despejando seus resíduos químicos diretamente no rio", afirma o ambientalista local Brij Khandelwal.

 

Khandelwal ressalta ainda que o esgoto de Agra vai diretamente para o Yamuna, sem nenhum tratamento. Nessas condições, os peixes não conseguem sobreviver. Assim, moscas, mosquitos e outros insetos que normalmente seriam comidos pelos peixes acabam proliferando sobre a água suja e infestam o entorno do Taj Mahal.

 

Falta de água pode prejudicar fundações

Outro problema é a falta de água. As fundações do Taj Mahal estão localizadas sobre 180 poços de água e bases de madeira, que requerem água durante todo o ano. Se a base não for regada durante todo o ano, a madeira abaixo eventualmente se secará, apodrecerá e se romperá.

 

Mas o que explica a falta de água? Quando o Taj Mahal foi construído, a maioria dos negócios e das viagens eram feitos ao longo do rio. Porém, à medida que a população crescia e as indústrias floresciam, foram construídas represas no Yamuna, reduzindo o fluxo do rio. "O rio Yamuna, que flui através do Himalaia, encolhe e se torna um fio d'água no momento em que atinge Agra", diz o ambientalista Khandelwal.

 

Assim, adverte Khandelwal, para salvar o Taj Mahal, o Yamuna precisaria retomar seus níveis originais. "Se só a cúpula (do Taj Mahal) pesa 12,5 mil toneladas, podemos imaginar quanto pode pesar o restante da construção. As fundações de um edifício tão pesado deveriam ser sempre fortes", afirmou.

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