Na última quarta-feira, o então secretário de gabinete da Casa Branca, Rob Porter, se tornou o 37º funcionário graduado do governo norte-americano a deixar o cargo na administração do presidente Donald Trump. O jornal Washington Post publicou a lista nesta quinta.
Porter foi acusado por suas duas ex-esposas de violência doméstica e, além de perder a vaga, mostrou um sério problema na escolha de pessoal de Trump e seus principais assessores. As acusações eram conhecidas por eles há meses.
Na terça-feira, quando estourou o escândalo, o chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, chegou a defender publicamente a permanência de Rob Porter no cargo.
Em uma nota, redigida por Kelly e pela coordenadora de comunicação da Casa Branca, Hope Hicks, atual namorada de Porter, o chefe de gabinete disse que o acusado "é um homem de honra e verdadeira integridade e não posso elogiá-lo o suficiente. Ele é um amigo, um confidente e um profissional em quem confio. Tenho orgulho em trabalhar a seu lado".
Os elogios públicos e o apoio não foram suficientes e Porter foi forçado a pedir demissão na quarta. Em uma nota, ele alegou que as acusações eram "falsas" e parte de "uma campanha de difamação".
Casamentos e violência
No entanto, os relatos de violência por parte de Porter eram antigos e conhecidos do alto escalão da Casa Branca. As denúncias feitas pelas ex-esposas, Colbie Holderness e Jennifer Willoughby, foram feitas ao FBI e, por isso, o ex-assessor não havia conseguido credenciais de segurança com acesso a toda a Casa Branca durante todo o ano em que trabalhou lá.
Colbie Holderness com o olho roxo após levar soco do ex-marido
Segundo Holderness, o comportamento violento de Porter começou a surgir na lua de mel do casal, em 2003. O casal estava nas Ilhas Canárias quando o ex-assessor agrediu a então esposa com um chute na coxa.
Os abusos continuaram durante os anos até que em 2005, quando o casal viajava pela Itália, Porter deu um soco no rosto da esposa. O olho roxo dela foi registrado em foto.
Em entrevista à CNN, ela contou que o autor da fotografia foi o próprio Porter, tentando se redimir da violência que acabara de praticar. O casamento acabou em 2008.
No ano seguinte, Porter se casou com Jennifer Willoughby, e também se mostrou violento desde o início. Na lua de mel, já havia violência verbal, e ele a ofendia de diversas formas. Em 2010, ela chegou a obter uma ordem judicial que o obrigava a ficar longe da casa dela. O divórcio saiu em 2013.
37 demitidos
Segundo levantamento do Washington Post, Porter é o 37º funcionário graduado a deixar o governo norte-americano na administração Trump. Diversas pessoas de confiança do presidente já tiveram de deixar seus cargos no último 1 ano e 2 meses, pelos mais diversos motivos.
Entre os demitidos estão casos escandalosos, como do ex-conselheiro da área de segurança, Michael Flynn. Ele durou 23 dias no governo e saiu após admitir que mentiu ao vice-presidente Mike Pence sobre ter mantido contatos com o embaixador russo nos EUA, Sergey Kislyak.
Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca, ficou mais de 200 dias no cargo, mas saiu por ter sido o principal responsável pela resposta de Trump à violência que terminou com uma morte em manifestações de supremacistas brancos em Charlottesville. Bannon teria feito ao presidente a recomendação de condenar a violência de "ambos os lados".
Bannon também causou problemas a Trump após deixar o cargo, quando foi divulgado que ele forneceu informações para o livro 'Fogo e Fúria', em que o autor Michael Wolffe denuncia um ambiente caótico e cheio de intrigas na campanha presidencial e no governo.
Quem durou menos no cargo foi o ex-secretário de comunicação da Casa Branca, Anthony Scaramucci. Apenas 10 dias depois de assumir o cargo, ele foi demitido pelo chefe de gabinete John Kelly, após dar uma entrevista em que ofendia diversos colegas da administração.
A lista também inclui Michael Comey. O ex-diretor do FBI foi demitido por Trump por se recusar a parar a investigação sobre a influência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.
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