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INTERNACIONAL Segunda-feira, 02 de Setembro de 2019, 08:53 - A | A

Segunda-feira, 02 de Setembro de 2019, 08h:53 - A | A

REPRESENTA AS MULHERES

Japão usa piora na relação com a Coreia do Sul para justificar retirada de estátua de exibição

G1

Reuters

ESTATUA JAPAO

 

Os organizadores de uma exibição de arte japonesa tiraram da mostra uma estátua que simbolizava a “mulher de conforto”. Eles defenderam sua decisão nesta segunda-feira (2) com a justificativa de que há uma crise na relação entre o Japão e a Coreia do Sul e que receberam ameaças de incêndio.

 

A retirada da peça não é unanimidade e, entre os curadores, há quem chame isso de censura.

 

A expressão “mulher de conforto” é um eufemismo japonês para as mulheres que foram forçadas a trabalhar em bordéis durante a Segunda Guerra Mundial –muitas delas eram coreanas.

 

Esse tema é altamente emotivo para os povos dos dois países, cuja relação ainda é marcada pela colonização japonesa da península coreana, entre 1910 e 1945.

Para o Japão, o assunto está encerrado, poiso país já fez pedidos de desculpas e pagou compensações. A última delas foi em 2015, quando desembolsou 1 bilhão de ienes (cerca de R$ 39 milhões, na cotação atual) a um fundo para ajudar mulheres sobreviventes.

 

Para muitos coreanos, no entanto, o Japão não fez o suficiente, e a Coreia do Sul dissolveu o fundo no ano passado, dizendo que ele era problemático.

 

Ameaças

A estátua, “Estátua de uma garota de paz”, dos escultores Kim Seo-kyung e Kim Eun-sung, era exibida na Trienal de Aichi, na região central do Japão. A estreia foi no dia 1 de agosto, e poucos dias depois houve um grande volume de reclamações.

 

A peça foi retirada depois de serem feitas ameaças por telefone e email, de acordo com a prefeitura da cidade.

 

O diretor artístico da mostra, Daisuke Tsuda, afirmou em uma entrevista coletiva que a organização foi surpreendida pela deterioração nas relações entre os dois países.

 

A origem da última disputa tem causa na história em comum dos dois países, mas houve consequências comerciais e também de segurança, quando a Coreia do Sul saiu de um pacto de compartilhamento de informações de inteligência.

 

“Uma coisa foi a piora rápida nas relações”, disse Tsuda, ao explicar a decisão de tirar a peça da exposição.

 

Ele disse que as ameaças de incêndio eram preocupantes, e que alguma delas faziam referências ao incêndio na companhia de animação em julho, em Kyoto, quando 35 pessoas foram mortas.

 

Incêndio criminoso no estúdio da Kyoto Animation deixa 33 mortos no Japão

 

“O fato de que muitos dos telefonemas ameaçadores e os faxes faziam referência a esse incidente, era tão realista e levou a um estresse psicológico muito grande na equipe”, disse ele.

 

“Era algo que não havíamos previsto.”

 

Restrição ao livre discurso

Em uma entrevista coletiva separada, no entanto, Yuka Okamoto, que organizou a exibição da imagem, disse que a decisão era o equivalente à censura e restrição do livre discurso.

 

“A respeito da ‘Estátua da Garota da Paz’, que virou um alvo dos ataques, esse é um trabalho de arte que anseia por um mundo sem guerra ou violência sexual, assim como uma recuperação dos direitos das mulheres e dignidade”, ela disse.

 

A estátua foi comprada por um executivo espanhol que pretende exibi-la em um “museu da liberdade” que ele planeja abrir em Barcelona.

 

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