Os brasileiros poderão ir às salas de cinema do país a partir desta quinta-feira (6) para assistir a "Emilia Pérez". O filme é recordista de indicações ao Oscar 2025, a obra de não-língua inglesa mais indicada na história do prêmio, concorrente direto de "Ainda Estou Aqui" nas categorias Melhor Filme Internacional, Melhor Filme e Melhor Atriz e um dos mais polêmicos dos últimos anos.
Desde antes das indicações ao principal prêmio da indústria, o filme francês, que aborda a cultura do México, vinha sofrendo críticas do público latino, principalmente mexicano, nas redes sociais por mostrar esteriótipos do país.
Desde antes das indicações ao principal prêmio da indústria, o filme francês, que aborda a cultura do México, vinha sofrendo críticas do público latino, principalmente mexicano, nas redes sociais por mostrar esteriótipos do país.
Qual é a história do filme 'Emilia Pérez'?
Rita (Zoë Saldaña) trabalha em um escritório de advocacia mais interessado em lavar dinheiro do que em servir à lei. Para sobreviver, ela ajuda um chefe do cartel de drogas (Karla Sofía Gascón) a sair do negócio para que ele possa finalmente se tornar a mulher que sempre sonhou ser.
Trechos criticados nas redes sociais
Desde o final do ano passado, trechos de cenas do musical começaram a viralizar nas redes sociais, principalmente as partes cantadas. Muitos questionaram a atuação dos atores, a melodia e as letras, principalmente depois do longa vencer "Wicked" na categoria Melhor Filme de Comédia/Musical no Globo de Ouro deste ano.
Diretor polêmico
Diretor do filme, o francês Jacques Audiard, de 72 anos, tem uma extensa filmografia e já ganhou importantes prêmios, como o César e a Palma de Ouro. Entretanto, foi um dos catalisadores da derrocada do longa entre críticos e público.
Primeiro, o filme foi acusado de representar um estereótipo do México, além de não escalar atores mexicanos para os principais papéis. Ele escolheu pessoas americanas e europeias com ascendência latina, como Saldaña, Gascón e Selena Gomez. Ao "The Hollywood Reporter", ele justificou:
"Vi muitas atrizes no México, conheci atrizes trans, mas simplesmente não estava funcionando".
O que também não estava funcionando, segundo ele, eram as gravações no México. Por isso, saiu de lá, reforçando mais os estereótipos ao representar o país. O sotaque das três protagonistas também virou alvo de críticas.
Na última semana, Audiard disse ao veículo francês "Konbini" que o espanhol, língua falada na maioria dos países da América Latina, é "um idioma de países modestos, de países em desenvolvimento, de pobres e migrantes".
Falas problemáticas
Porém, o estopim da crise que atingiu o filme foi causado pela protagonista do longa. Em entrevista ao g1 no final do mês passado, Gascón fez um apelo pedindo que os brasileiros parassem de invadir suas redes sociais comentando que Fernanda Torres era melhor que ela e que, por isso, não merecia levar a estatueta.
Torres veio a público e pediu respeito com a espanhola, em vídeo postado em seu Instagram, que pode ser visto acima: "Não vamos tratar ninguém mal e criar uma coisa de que é um contra o outro. Pelo amor de Deus, eu sou para sempre grata a Sofía Gascón. Ela tá maravilhosa em 'Emilia Pérez'".
"Então, eu quero dizer que todo mundo ali merece e merece o carinho da gente. Não vamos alimentar ódio, sabe? E eu quero dizer: Karla Sofía Gascón, te amo para sempre. Uma mulher generosa, talentosa, que merece da gente todo nosso carinho", declarou Fernanda na ocasião.
Entretanto, quatro dias depois do ocorrido, o jornal "Folha de S. Paulo" publicou uma entrevista com a atriz espanhola em que ela acusou "pessoas do ambiente de Fernanda Torres" de falarem mal dela e deu seu filme. A declaração repercutiu mal e, dias depois, Gáscon voltou atrás e pediu desculpas pela fala.
O que ela não esperava, também, era que, no mesmo dia, a jornalista canadense Sarah Hagi iria divulgar postagens antigas suas com mensagens racistas e xenofóbicas feitas no X (antigo Twitter), o que a levou a desativar a sua conta na rede social.
"Sinto muito, mas não posso mais permitir que essa campanha de ódio e desinformação afete a mim e a minha família, então, a pedido deles, estou encerrando minha conta no X", dizia o trecho do seu comunicado enviado ao "The Hollywood Reporter".
Saldaña e Audiard se posicionam
Após as mensagens ganharem as manchetes do mundo, Zoe Saldaña falou sobre o assunto em uma coletiva de imprensa no Reino Unido: "Isso me deixa muito triste, porque eu não apoio isso, e não tenho nenhuma tolerância para qualquer retórica negativa contra pessoas de qualquer grupo".
Nesta semana, Audiard quebrou o silêncio e fez duras críticas à sua atriz principal em entrevista ao "Deadline": "Não falei com ela e nem quero falar. Ela está em uma abordagem autodestrutiva na qual não posso interferir, e eu realmente não entendo porque ela está continuando. Por que ela está se prejudicando? Por quê?".
Afastada das campanhas
Após toda a campanha negativa, o "The Hollywood Reporter" noticiou na última terça (3) que a atriz foi afastada das campanhas do longa que acontecerão nesta semana em Los Angeles, nos Estados Unidos.
O movimento pode ser interpretado como uma forma de "limpar" a imagem do longa, já que a votação para eleger os melhores de cada categoria começa no próximo dia 11 e vai até o dia 18.
Segundo alguns veículos especializados, como a "Variety" e "Entertainment Weekly", o posto de favorito a Melhor Filme Internacional passou a ser de "Ainda Estou Aqui", enquanto o "EW" vê Fernanda Torres como possível vencedora da categoria de Melhor Atriz.
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