Cuiabá, 01 de Setembro de 2024
Notícia Max
01 de Setembro de 2024

CIDADES Segunda-feira, 08 de Abril de 2024, 06:21 - A | A

Segunda-feira, 08 de Abril de 2024, 06h:21 - A | A

AUTISMO NÃO TEM 'CARA'

Abril Azul: conscientização e desafios no mundo do Autismo

Não há só um tipo de autismo, mas muitos subtipos, que se manifestam de uma maneira única em cada pessoa

Elloise Guedes

O 'Abril Azul' é uma campanha para conscientizar a população sobre a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O transtorno refere-se a uma série de condições caracterizadas por desafios com habilidades sociais e padrões restritos ou repetitivos de comportamento. O dia 2 de abril foi instituído pela ONU (em 2008) como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

A campanha tem o objetivo de levar informações para a população e combater a discriminação sobre os mais de 2 milhões de brasileiros que foram diagnosticados com o transtorno. Antes pouco se falava de autismo e poucos eram os autistas, tanto que foi somente em 1993 que o autismo passou a existir na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde (CID-OMS).

Não há só um tipo de autismo, mas muitos subtipos, que se manifestam de uma maneira única em cada pessoa. Pessoas diagnosticadas com TEA, podem apresentar diferentes níveis de necessidade de suporte. O que significa que, enquanto alguns têm facilidade de realizar qualquer atividade pessoal e da vida diária, outros precisam de apoio para as atividades cotidianas, como tomar banho, se vestir e se alimentar.

A jornalista Claryssa Amorim, mãe do Raul, de 4 anos, que está dentro do espectro, fez um relato em suas redes sociais sobre a importância do mês de conscientização do autismo. Segundo ela, autismo não tem cara, pois para diagnosticar o autismo a criança passa por uma série de exames.

"Autismo não é apenas quando uma criança não gosta de sons altos, vai muito além disso. Digo isso porque quando recebemos o laudo do neuropediatra, muitas pessoas diziam: 'Mas ele nem se incomoda muito com a música alta'. A música alta às vezes não incomoda o Raul, mas quando ela se torna repetitiva e envolve outras situações no ambiente, o incomoda sim. Autismo é muito além disso, não diga: ‘Mas ele nem tem cara de autista’. Autismo não tem 'cara'", explicou Claryssa.

A jornalista ainda comentou que cada pessoa tem um comportamento dentro do espectro, por isso o tratamento é feito de forma individual. "Autismo caracteriza por dificuldades na comunicação; na interação social (muitas vezes a criança até consegue estar em volta de amiguinhos, mas não entende a brincadeira e nem sabe o que está fazendo); por comportamentos repetitivos; interesses restritos; não sabe lidar com estímulos sensoriais; andar na ponta do pé; estereótipos, como pulinhos e balançar as mãos; restrição alimentar; ter os 2 minutos no "mundo da lua"; dificuldade na aprendizagem e muitas outras características".

Claryssa disse ainda que entre tantas características, o difícil acesso ao tratamento e o preconceito é um dos piores desafios a serem tratados. "Eu, como mãe, não sei o que posso dizer que é mais difícil do diagnóstico: o preconceito, as pessoas ficarem falando "tadinho" ou o difícil acesso ao tratamento. Sem sombra de dúvidas, não dá pra colocar na balança. Autismo não é modinha. Autismo não é doença. Autismo sempre existiu, a diferença é que está cada vez mais fácil o acesso às informações.", finalizou.

As causas do autismo ainda não foram totalmente esclarecidas, mas muitos estudos e pesquisas são realizados para identificar o que está relacionado ao desenvolvimento deste transtorno. O que se sabe até hoje é que a genética tem um papel fundamental no desenvolvimento do TEA, assim como variáveis ambientais também podem se tornar fatores de risco para o diagnóstico. Vários estudos já identificaram uma série de genes que estão ligados ao TEA.

TRATAMENTO

Como o autismo não é uma doença, não existe cura para o transtorno. No entanto, é possível que a pessoa no TEA consiga se desenvolver e atingir todo seu potencial. Para que isso aconteça, é preciso buscar intervenções baseadas em evidências científicas, uma equipe multidisciplinar ou transdisciplinar capacitada e levar em consideração as singularidades de cada indivíduo.

Alguns sinais de autismo já podem aparecer a partir de um ano e meio de idade, até mesmo antes em casos mais graves. Há uma grande importância de se iniciar o tratamento o quanto antes, pois quanto antes comecem as intervenções, maiores são as possibilidade de melhorar a qualidade de vida da pessoa.

O tratamento psicológico com mais evidência de eficácia, segundo a Associação Americana de Psiquiatria, é a terapia de intervenção comportamental — aplicada por psicólogos. A mais usada delas é o ABA (sigla em inglês para Applied Behavior Analysis — em português, análise aplicada do comportamento).

O tratamento para autismo é personalizado e interdisciplinar, ou seja, além da psicologia, pacientes podem se beneficiar com intervenções de fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outros profissionais, conforme a necessidade de cada autista. Na escola, um mediador pode trazer grandes benefícios, no aprendizado e na interação social.

CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.

0 Comentários