Em 19 de novembro do ano passado, Javier Milei foi eleito presidente da Argentina com 55% dos votos.
No discurso de posse, Milei alertou sobre o corte de gastos que faria e que foi apelidado de motosserra:
"Não há dinheiro. A conclusão é que não há alternativa ao ajuste, ao choque. Naturalmente, haverá impacto negativo na atividade econômica, no emprego, nos salários reais e no número de pobres e indigentes. Mas esse é o último mal estar antes da reconstrução da Argentina"
Em dezembro, quando Milei assumiu, a inflação mensal estava em 25%.
O presidente conseguiu desacelerar a taxa para 2,7% no mês passado - o menor nível desde novembro de 2021.
Por outro lado, a taxa de pobreza chegou a 53% no primeiro semestre. São onze pontos percentuais a mais do que no ano passado. E o recorde da série histórica, iniciada em 2016.
Milei parou de imprimir o peso argentino, congelou obras públicas, encerrou subsídios e demitiu servidores.
Ele também acabou com a política de controle de preços em produtos de supermercado.
Na Região Metropolitana de Buenos Aires, o preço das carnes e derivados mais que dobrou.
O quilo da carne picada comum passou de 2 mil pesos (2065,09) em outubro de 2023 para quase 5 mil pesos (4918,39) no mês passado.
O doutor em Geografia pela Unicamp, Gustavo Blum, aponta que o encarecimento da carne é um indicador importante para entender a situação dos argentinos:
"O Milei está alcançando algumas das promessas de campanha que ele se comprometeu. Então, a inflação está relativamente mais controlada. Os preços estão se mantendo durante um período maior de tempo. Mas isso vem às custas de um aumento brutal da desigualdade. É um dos países que mais consome carne bovina no mundo. E isso tem se tornado um luxo na Argentina mais recentemente"
Neste mês, Javier Milei fez um discurso apontando que a fase "dolorosa" da política econômica passou:
"Hoje já podemos dizer que a recessão terminou. E agora em diante tudo que teremos é crescimento. Sabemos que foi difícil, que foi duro, mas tudo que virá será crescimento, tudo será bom"
Um levantamento deste mês da Opina Argentina mostra que o governo Javier Milei é avaliado de forma positiva por 49% dos argentinos.
É uma melhora em relação a outubro, quando Milei marcou 46%. No primeiro mês de governo, o índice era de 55% .
A pesquisadora da USP sobre América Latina, Janina Onuki, avalia que a mudança ocorre pela política de austeridade de Milei:
"Impopularidade e insatisfação da sociedade com cortes na economia. Mas, por outro lado, ele não perdeu apoio político pra governar. A gente precisa lembrar que gente ainda está numa situação de uma sociedade altamente polarizada."
Na política externa, a Argentina rejeitou a entrada nos Brics, grupo que reúne as economias emergentes.
Mas reforçou a aliança com os Estados Unidos e, agora, com o presidente eleito Donald Trump. Os dois conversaram por telefone e, segundo Milei, Trump disse que ele é o “presidente favorito” dele.
O argentino foi o primeiro presidente que Trump recebeu após eleito.
Um dos temas no radar da Argentina é um Tratado de Livre Comércio entre os dois países.
O professor de Relações Internacionais da USP Pedro Feliú aponta que Milei se afastou da parceria com o Brasil:
"A principal estratégia de política externa é o alinhamento com os Estados Unidos. E, isso, vai ganhar muita força com a eleição do Trump. E, isso, sem dúvida, dificulta as pretensões do terceiro mandato do Lula de incrementar a integração regional, principalmente no caso do Mercosul e esses mega acordos com países industrializados, que é a União Europeia, Japão, Canadá, Singapura e Coreia do Sul.
Em julho, Milei esteve no Brasil. Mas não se reuniu com o presidente Lula. Ele participou da Conferência de Ação Política Conservadora, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O argentino vem ao Rio de Janeiro para participar da cúpula do G20. Milei já chamou o presidente brasileiro de corrupto, ladrão e comunista. E a agenda não prevê nenhum encontro bilateral entre os dois líderes.
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