Crescem apelos entre europeus para enviar de volta migrantes sírios após a queda de Assad. Bloco, porém, sofre com a falta de mão de obra qualificada em diversos setores. A Alemanha agiu rápido ao anunciar a suspensão dos pedidos de asilo de cidadãos sírios após a queda do ditador Bashar al-Assad, em 8 de dezembro. Apenas 36 horas após os rebeldes sírios declararem o fim do regime, o governo alemão suspendeu as decisões sobre mais de 47 mil pedidos de asilo pendentes. O exemplo foi seguido posteriormente por França, Reino Unido, Itália e outros países.
Essas decisões causaram preocupações entre os mais de 1,5 milhão de sírios que se estabeleceram na Europa desde o início da guerra civil no país árabe, em 2011. Particularmente alarmantes foram os comentários do ministro do Interior austríaco, Gerhard Karner, que pediu para sua pasta preparar um programa de "repatriação e deportação". Alguns políticos alemães também defenderam propostas semelhantes.
Os governos europeus parecem querer tirar proveito da queda de Assad para lidar com o crescente descontentamento público com os altos índices de migração em seus países.
Mesmo antes do anúncio da suspensão, mais de 108 mil casos de asilo de sírios estavam pendentes em todos os Estados-membros da União Europeia (UE) no final de outubro, de acordo com a Agência da União Europeia para o Asilo (EUAA).
A rápida decisão marca um forte contraste com o acolhimento observado no auge da crise migratória europeia de 2015 e 2016. Naquela época, os alemães recebiam os refugiados sírios nas estações ferroviárias com garrafas de água e comida.
Sem solução rápida para turbulência na Síria
A suspensão dos pedidos foi ainda mais preocupante em razão do caos atual na Síria, onde o principal grupo rebelde Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS) tenta estabelecer um governo interino.
O que também agrava a situação é a aparente reversão de um dos motivos fundamentais pelos quais a Europa inicialmente aceitou receber cidadãos sírios. Além de atender às necessidades humanitárias, os políticos argumentavam na época que os sírios ajudariam a aliviar a escassez crítica de mão de obra.
Anastasia Karatzas, analista de políticas do think tank Centro de Políticas Europeias (EPC), com sede em Bruxelas, afirma que a União Europeia intensificou recentemente os esforços para devolver um número maior de refugiados a seus países de origem antes da deposição de Assad, apesar da enorme demanda por trabalhadores no continente.
"Há uma necessidade urgente em toda a UE de lidar com a escassez de mão de obra, mas também com a exploração do trabalho, especialmente de trabalhadores migrantes em situação irregular. Agora, porém, há o risco de que priorizar o retorno [dos refugiados] possa acabar ofuscando essas outras prioridades", disse Karatzas à DW.
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