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INTERNACIONAL Terça-feira, 28 de Janeiro de 2025, 10:40 - A | A

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Ofensiva anti-imigração

Governo Trump começa a prender imigrantes ilegais em Nova York; prisões nos EUA passam de 3.500

Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, acompanhou uma prisão na cidade mais populosa dos EUA nesta terça (28)

G1

Agentes do governo Trump começaram a prender imigrantes ilegais em Nova York nesta terça-feira (28), segundo a secretária do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês), Kristi Noem.

As prisões integram uma operação conjunta chefiada pelo Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês), com colaboração de outras agências federais, para implementar políticas anti-imigratórias decretadas por Trump no início de seu governo.

"Estrangeiro criminoso com acusações de sequestro, agressão e roubo está agora sob custódia, graças ao ICE. Canalhas como este continuarão sendo removidos de nossas ruas. (...) Estamos fazendo exatamente o que o presidente Trump prometeu ao povo americano —tornar nossas ruas seguras", afirmou Noem em publicação no X ao compartilhar o vídeo da prisão.

Kristi Noem acompanhou as operações nesta terça, iniciadas ainda durante a madrugada no horário local. O número de prisões de imigrantes ilegais realizadas pelo governo Trump em todo o país passou dos 3.500.

O ICE define essas ações como "operações direcionadas de aplicação da lei", em que são aplicadas "prisões planejadas de estrangeiros imigrantes ilegais criminosos conhecidos e que representam uma ameaça à segurança nacional ou à segurança pública".

O número de imigrantes presos pela agência no governo Trump chegou a 3.552, segundo balanço diário compartilhado pelo ICE na noite de segunda-feira. Os informes, que começaram a ser divulgados na quinta-feira passada (23), não deixam claro se todos os imigrantes presos estão em situação ilegal. Ainda segundo a ICE, outros 2.650 pedidos de mandados de prisão foram protocolados nesse período.

De acordo com o ICE, as operações são realizadas em cooperação com agências federais como o FBI, o Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), a agência antinarcóticos (DEA), o escritório local da ICE e o Serviço de Delegados dos EUA.

A operação em Nova York faz parte das políticas anti-imigração aplicadas por Donald Trump já no primeiro dia de seu mandato na Casa Branca, que completou uma semana na segunda-feira. Prisões de imigrantes infratores também foram registradas em outras cidades por todo o país, como em Newark, em Chicago, Seattle, Atlanta, Boston, Los Angeles, Nova Orleans e regiões no estado de Maryland.

O prefeito de Newark, cidade de Nova Jérsei conurbada com Nova York, acusou o governo de prender civis americanos, entre eles um veterano de guerra. Já em Chicago, famoso reduto democrata e com grande comunidade imigrante, os agentes do ICE foram de porta em porta para prender esses imigrantes.

O governo Trump estabeleceu uma meta de prisões diárias aos agentes da Imigração e Alfândega dos EUA, segundo o jornal norte-americano "The Washington Post". Após decepção de Trump com os primeiros resultados, os agentes da agência foram cobrados para prender entre 1.200 e 1.500 imigrantes por dia.

O apresentador e personalidade da TV norte-americana Dr. Phil acompanhou a operação do ICE em Chicago. Phil se encontrou com Tom Homan, o novo "czar da fronteira", elogiou as prisões realizadas pelo governo Trump e disse que "não estão varrendo bairros, como algumas pessoas estão tentando insinuar".

As deportações de imigrantes ilegais no governo Trump começaram na última sexta-feira (24) como parte de uma tentativa de realizar rápidas blitz contra esses grupos. Um grupo de 88 brasileiros esteve entre os expulsos dos EUA. "Centenas" de pessoas foram deportadas já na primeira semana do governo Trump, segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. (Leia mais abaixo)

Brasileiros deportados
Um avião com 88 brasileiros deportados pousou em Manaus na última sexta-feira (24). Os repatriados estavam ilegais nos EUA e foram expulsos pelo governo Trump.

No entanto, o Itamaraty afirmou que cobrará explicações ao governo dos EUA por conta da situação dos brasileiros ao chegarem no Brasil, algemados nas mãos e nos pés. Os brasileiros relataram agressões e humilhações durante o voo.

Brasileiros ilegais que estão nos EUA relataram ao g1 um clima generalizado de aflição e alerta na comunidade brasileira diante das deportações em massa no país. 

Investida contra imigrantes: ponto a ponto
Donald Trump adotou nos primeiros dias de governo uma série de medidas para combater a imigração ilegal nos Estados Unidos. Entre segunda-feira (20) e terça-feira (21), várias ordens executivas e diretrizes governamentais foram aplicadas com o objetivo de reforçar a fiscalização e impedir a entrada irregular de estrangeiros no país.

Trump está tirando do papel promessas que fez durante a campanha presidencial. O republicano garante que vai fazer a maior deportação em massa da história do país, com milhões de imigrantes ilegais sendo expulsos. Veja algumas medidas adotadas a seguir.

Emergência nacional: uma das primeiras medidas de Trump foi assinar uma medida para declarar emergência na fronteira entre México e Estados Unidos.

O presidente anunciou que tropas do Exército e da Guarda Nacional serão enviadas à região para reforçar a segurança.
Além disso, agentes federais de imigração receberam poderes ampliados para deter suspeitos.
A medida também facilita a liberação de recursos para retomar a construção do muro na fronteira.
Por fim, o governo também encerrou programas que permitiam a entrada de estrangeiros por motivos humanitários.

Fim da cidadania automática: Trump emitiu uma ordem executiva eliminando o direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais ou com vistos temporários nascidos nos EUA.

Antes, quando imigrantes em situação ilegal tinham um filho em solo americano, a criança ganhava cidadania americana automaticamente.
A mesma coisa acontecia quando a mãe viajava aos Estados Unidos com um visto temporário, como o visto de turista. Se a criança nascesse durante o período da viagem, ganhava cidadania também.
Celebridades brasileiras já usaram essa estratégia para obter a cidadania americana para seus filhos.
Juristas afirmam que a medida contradiz a 14ª Emenda da Constituição, que garante cidadania a qualquer pessoa nascida no país.
Estados governados por democratas entraram com ações judiciais contra a medida.
"Presidentes são poderosos, mas ele não é um rei. Ele não pode reescrever a Constituição com um simples golpe de caneta", afirmou Matthew Platkin, procurador-geral de Nova Jersey.

Deportação expressa: o governo Trump ampliou o alcance da chamada deportação acelerada, que permite expulsões rápidas de imigrantes ilegais sem a necessidade de uma audiência judicial.

Qualquer imigrante que não comprove que reside há dois anos nos EUA pode ser alvo.
Sob Biden, a deportação expressa possuía algumas limitações. Por exemplo, a medida só era adotada em todo o país para quem entrasse nos Estados Unidos por via marítima e estivesse a menos de dois anos no país.
Ainda durante o governo Biden, quem entrava por via terrestre só poderia ser alvo da deportação expressa se fosse detido a até 160 km da fronteira e estivesse no país há menos de 14 dias.
Agora, todas essas restrições foram eliminadas. Segundo o governo, a medida está dentro dos limites legais estabelecidos pelo Congresso.
A deportação expressa já foi alvo de polêmica durante o primeiro mandato de Trump. O caso chegou a parar na Suprema Corte.

Prisões em áreas protegidas: o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) revogou uma proibição de 2021 sobre prisões de imigrantes em locais como hospitais, igrejas e escolas.

Antes, prisões de imigrantes não podiam ocorrer nesses locais, para garantir acesso seguro a serviços básicos.
O governo Biden também argumentava que operações do tipo poderia criar medo nas comunidades americanas.
Com a mudança, agentes podem realizar prisões de imigrantes em hospitais, igrejas e escolas.
Benjamine Huffman, secretário interino de Segurança Interna, afirmou que "assassinos e estupradores" não poderão mais usar esses locais como esconderijos.
"A Administração Trump não amarrará as mãos de nossos bravos agentes da lei e, em vez disso, confia que eles usarão o bom senso", afirmou Huffman.

"Fique no México": o governo Trump anunciou que está retomando um programa que foi adotado durante o primeiro mandato, mas que foi revogado por Biden.

A iniciativa obriga que estrangeiros que pedem asilo aos Estados Unidos, com exceção de mexicanos, aguardem a análise da solicitação no México.
Na segunda-feira (20), o governo tirou do ar um aplicativo usado para agendar entrevistas de asilo.
Todos os agendamentos para pedidos de asilo que já estavam feitos foram cancelados.
A medida gerou indignação e tristeza entre imigrantes que aguardavam para entrar nos Estados Unidos na fronteira com o México.

Restrição na entrada: o DHS emitiu uma diretriz para restringir o uso da chamada "parole".

A ferramenta permite a entrada legal de imigrantes em situação de emergência e foi amplamente usada na gestão Biden.
A parole também serve para fins humanitários e beneficiou pessoas de várias nacionalidades, como ucranianos, cubanos e venezuelanos.
Segundo o DHS, o governo Biden permitiu que 1,5 milhão de imigrantes entrasse no país por meio do benefício de forma indiscriminada.
Agora, tudo será analisado caso a caso, de acordo com o departamento.

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