O governo romeno, muito crítico a Bruxelas, assumirá nesta terça-feira a presidência rotativa da União Europeia durante o primeiro semestre de 2019, um período de grande agitação.
Apesar de a Romênia ser considerada tradicionalmente um país pró-Europa, as autoridades romenas criticaram, em várias ocasiões, as instituições europeias durante os últimos meses.
A maioria de esquerda que governa a Romênia denunciou uma União "injusta", que impede o país "de ter suas próprias opiniões", segundo declarou o líder do partido social-democrata (PSD), Liviu Dragnea, que não conseguiu ser eleito primeiro-ministro ao ser condenado por fraude eleitoral.
No entanto, Bucareste ocupará, pela primeira vez em sua história, a presidência rotatória da UE, o que lhe dará um papel importante na organização das cúpulas dos 28 Estados membros.
As tensões entre a Comissão Europeia e o governo romeno foram provocadas pela intenção do PSD de reformar o sistema judiciário romeno.
O Executivo romeno asseguro que quer "impedir" os abusos dos magistrados, considerados os integrantes de um "Estado paralelo".
Em contrapartida, Bruxelas pede o abandono dessas medidas, consideradas um obstáculo na luta contra a corrupção, um mal endêmico no país.
Os líderes europeus "tem a sensação que esta reforma servirá para beneficiar a Dragnea", explica o cientista político Andrei Taranu.
Segundo os críticos, esta medida pretende diminuir os antecedentes judiciais de muitos líderes do PSD, como Liviu Dragnea, condenado a uma pena de prisão por fraude eleitoral e envolvido em outros casos.
Segundo Taranu, a retórica populista e nacionalista do governo romeno não passa de uma estratégia oportunista.
LINHA VERMELHA
O governo romeno não parece disposto a parar suas reformas e pretende aprovar uma anistia que poderia beneficiar os líderes envolvidos em processos judiciais.
A aprovação deste projeto significaria infligir uma linha vermelha, alertam fontes europeias.
Desta forma, a Romênia, "que já tem pouca credibilidade", vai ter que se esforçar para se defender diante de seus parceiros europeus ao invés de resolver os problemas europeus, indica a mesma fonte.
Durante o primeiro semestre de 2019, Bucareste terá de lidar com temas cruciais para a União Europeia (UE), como o Brexit no final de março, a negociação do orçamento comunitário e eleições europeias.
Além disso, as autoridades romenas estão divididas, entre um governo liderado por uma maioria socialdemocrata e um presidente conservador e eurófilo, Klaus Iohannis, que representa o país no Conselho Europeu.
A popularidade do PSD, que conseguiu uma folgada vitória eleitoral em 2016, caiu nos últimos dois anos, e milhares de pessoas protestaram contra o governo, dirigido por Viorica Dancila há quase um ano.
Mas o Executivo socialdemocrata ainda conta com o apoio das zonas rurais e desfavorecidas, onde as ajudais sociais aprovadas durante seu mantado foram muito bem recebidas.
A sociedade romena está muito "popularizada e dividida", assegura o cientista político Radu Alexandru.
A Romênia é um dos três Estados mais pobres da UE, e as desigualdades econômicas internas também são alarmantes.
Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante da região de Bucareste representa 140% da média da UE, equivale a apenas 40% nas regiões mais pobres do noroeste e o sudoeste do país.
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