O representante legal da Vigor Comércio de Cereais, uma das empresas investigadas pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e contra a Administração Pública na "Operação Crédito Podre", Marcelo Medina, em uma conversa telefônica ameaçou de morte o gerente de Monitoramento da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso, Rafael da Cruz Araújo. Em um dos trechos da conversa, Medina afirmou que o servidor da Sefaz “qualquer hora vai amanhecer com a boca cheia de formiga”.
Marcelo Medina foi um dos presos na operação que investiga uma suposta organização criminosa que, mediante documentos ideologicamente falsos e articulada para a comercialização de grãos, estava realizando a sonegação de ICMS.
As ameaças foram descobertas após interceptação telefônica e decretação de medidas cautelares proposta pela Defaz-MT à juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Santos Arruda. A conversa seria entre Medina e uma pessoa identificada apenas como “Nelson” e teria ocorrido no dia 13 de setembro de 2017, conforme transcrição abaixo de trecho do diálogo.
Conforme a transcrição do diálogo, o representante legal da empresa Vigor afirma que Rafael da Cruz, servidor da Sefaz, estaria “atrapalhando todo mundo” no golpe que resultou em dano de, no mínimo, R$ 140 milhões aos cofres públicos do Estado.
Além disso, na ligação, o homem identificado como Nelson afirma que a “turma” teria que realocar o servidor da Sefaz em outro cargo, “rancar ele dali”.
Para a juíza Selma Arruda, tais ameaças contra Rafael mostram o grau da periculosidade dos investigados e da suposta organização criminosa.
“Do que se extrai da transcrição do áudio supra, vê-se que o representado estaria irritado, a princípio, em razão de alguma ação realizada pela Sefaz-MT que estaria impedindo o grupo de atuar, chegando até mesmo a afirmar que o servidor público responsável pela apuração das fraudes, ‘qualquer hora vai amanhecer com a boca cheia de formiga, cê vai ver! Ele tá fudeno meio mundo, véi...’, o que indica o grau de sua periculosidade e da suposta organização criminosa”, segundo trecho da investigação.
Confira a transcrição abaixo de trecho do diálogo:
“MARCELO: Dá FOCUS lá! E tá parado de tudo, mas tem que fazeno aos pouco que hora que sobra uma brecha tem que tenta entrar, mais(sic) eu nem sei o que que vai virar isso aí... Que virou uma bosta eim!
NELSON: Não! Não! To sabendo é...
MARCELO: Tudo travado, tem um tal de juiz lá, juiz não, o chefe lá, um tal de Rafael, disque o homem dorme dentro da Sefaz, quando uma firma faz uma nota de algodão ela vai lá e cancela a inscrição da firma!
NELSON: É mesmo?
MARCELO: Desse jeito! O cara é... Aquele cara qualquer hora vai amanhecer com a boca cheia de formiga, cê vai ver! Ele tá fudendo meio mundo, véio!
NELSON: Nossa!”.
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