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AGRONEGÓCIO Terça-feira, 02 de Julho de 2024, 08:49 - A | A

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INOVAÇÃO

Embrapa lança 1° aplicativo para exame andrológico de bovinos do Brasil

Ferramenta digital promete facilitar seleção de reprodutores e aumentar eficiência da pecuária de corte

CANAL RURAL

Embrapa apresenta ao mercado o primeiro aplicativo de exame andrológico do país, voltado para bovinos. Em desenvolvimento desde 2022, a nova ferramenta tem potencial para incrementar a pecuária de corte no Brasil, uma vez que auxilia médicos-veterinários na seleção de reprodutores com melhor desempenho genético.

 

Construída por equipes da Embrapa Pantanal (MS) e Embrapa Gado de Corte (MS), a plataforma é gratuita e pode ser usada em dispositivos móveis e computadores, em todo o território nacional. O app já está à disposição de parceiros para ampla adoção, como em programas de melhoramento genético e empresas de equipamentos veterinários. 

“O aplicativo contém um conjunto de informações, organizadas e padronizadas, que auxiliam o médico-veterinário na realização de exames clínicos, físicos e morfológicos. Além disso, agiliza a emissão de laudos desses exames e o diagnóstico final para os proprietários, com base nos seguintes critérios: apto, apto para monta natural, inapto temporário ou inapto”, detalha a médica-veterinária Juliana Correa, coordenadora da iniciativa.

Um dos maiores ganhos de inovação propiciado pelo app, segundo a Embrapa, é a padronização da qualidade. Além disso isso, a ferramenta é capaz de gerar um banco de dados com informações importantes e desconhecidas até o momento, como quantidade de exames andrológicos realizados por ano, idade dos touros, quantidade de patologias, regiões que apresentam mais problemas relacionados a enfermidades espermáticas, entre outras. Os dados técnicos do animal serão disponibilizados pela Embrapa, para contribuir com futuras demandas de pesquisa.

Segundo Correa, para garantir a acurácia dos dados de entrada na plataforma, é fundamental que a coleta a campo seja feita por um médico-veterinário capacitado. Por isso, logo na tela de entrada, é preciso que o profissional insira o seu registro no Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV). Vale destacar que o aplicativo foi elaborado para a espécie bovina, mas pode ser adequado às demais espécies, o que o torna uma contribuição singular para a pecuária nacional.

 

Importância da andrologia

Os pesquisadores afirmam que o exame andrológico é tão importante para a pecuária quanto os cuidados com a alimentação e a saúde. Um animal com problemas reprodutivos pode acarretar perdas de produção, além de transmitir essas características aos seus descendentes, comprometendo todo o rebanho.

“Um touro infértil pode representar a perda de 25 a 50 bezerros, enquanto uma vaca infértil representa a perda de apenas um bezerro”, enfatiza a pesquisadora e especialista em reprodução animal Alessandra Nicacio. Ela lembra ainda que cerca de 5% dos touros em serviço são inférteis e, aproximadamente, de 20% a 40% são subférteis, ou seja, produzem menos filhos do que deveriam.

O exame é realizado nos bovinos machos que estão iniciando ou nos que já estão em idade
reprodutiva. Ele consiste na avaliação clínica geral e da qualidade do sêmen para certificar
o potencial reprodutivo do animal. Os exames clínicos devem ser efetuados uma vez ao ano ou 60 dias antes da estação de monta – outubro a fevereiro. Um check-up completo pode detectar a causa da diminuição do potencial reprodutivo. Se confirmado o problema, o animal pode ser descartado a tempo.

As pesquisadoras reforçam que o exame é altamente específico e capaz de identificar o
nível de fertilidade dos animais, mas também as demais condições clínicas. Para o alcance
dos resultados esperados, o produtor deve ter em mente que a seleção e a qualidade do
reprodutor são essenciais para a tomada de decisão.

 

Por dentro do aplicativo

Em desenvolvimento desde 2022, a ferramenta contou também com a participação do supervisor de Desenvolvimento de Ativos Digitais, Camilo Carromeu. Ele pontua que o app “foi desenvolvido utilizando o arcabouço tecnológico já adotado para a construção de outros aplicativos, como o Pasto Certo e o Cria Certo”.

Todo elaborado em Progressive Web Application (PWA), ele possui os recursos de dispositivos móveis: responsividade (funciona perfeitamente em variados tamanhos de tela, de celulares, tablets e computadores), atuação off-line e usabilidade de gestos. “A grande vantagem do PWA é que, com um único código-fonte, é possível desenvolver um software compatível com todo tipo de dispositivo móvel, navegadores web convencionais e
até mesmo software desktop”, destaca o cientista da computação.

 

Ele recorda que, antes da aplicação web PWA, era desenvolvido um software para cada sistema operacional, “uma linguagem de programação para cada e, na prática, eram softwares totalmente distintos. O ônus para desenvolvimento e manutenção era imensamente maior”, conclui. O uso da tecnologia não exige conexão com a internet no momento de manuseio. Os dados cadastrados são salvos nos dispositivos e sobem para a nuvem quando houver conexão.

Passo a passo no app

Primeiramente, o usuário cadastra as informações da propriedade rural, onde o animal está. O app permite a inserção de mais de uma fazenda por login, com exame feito unitariamente. O animal tem seu nome, raça, data de nascimento e número de registros inseridos, antes de começar a avaliação.

Com base nos registros de aspectos clínicos, físicos e morfológicos, a próxima etapa avalia o escore de condição corporal (escala de 1 a 6), perímetro escrotal, consistência testicular, epidídimos, vesículas, pênis, comportamento sexual, aprumos, método de coleta do sêmen (eletroejaculador, massagem ou vagina artificial) e características físicas (volume, turbilhonamento, motilidade, vigor, concentração espermática e aspecto do material).

A seguir, parte-se para a morfologia, com contagem de células do material e detalhes sobre defeitos maiores e menores. De acordo com o Colégio Brasileiro de Reprodução Animal
(CBRA), defeitos maiores devem representar 10% do total, e menores, 20%, não podendo ultrapassar 30% na contagem final. Há ainda espaço para informações complementares como contagem de hemácias, leucócitos e espermocultura, por exemplo.

*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo

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