O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse nesta quarta-feira (29), que o governo brasileiro vai fazer o “possível” para receber os venezuelanos, que chegam por meio da fronteira do país com Roraima. A fala ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, cortar recursos da OIM (Organização Internacional de Migração), por 90 dias. A organização ajuda o Brasil na Operação Acolhida. A OIM é um braço da ONU (Organização das Nações Unidas).
“Discutimos a situação dos imigrantes venezuelanos que vem por Roraima e que vem em um número bastante expressivo, cerca de 500 por dia que são recebidos pela Operação Acolhida”, declarou o ministro a jornalistas.
Lewandowski explicou que a ação dos EUA fez a operação sofrer um “baque muito grande” e que o Brasil cogitou suspender as operações. “Mas nós vamos buscar recursos. Não temos recursos definidos e nem o pessoal necessário, mas todos os ministérios envolvidos, sobre tudo a Defesa, o Exército e nós, vamos fazer o possível para que possamos receber os venezuelanos condignamente, como o Brasil faz com todos aqueles que vem procurar uma vida melhor em nosso país”, finalizou.
O ministro, contudo, reconheceu que os recursos são “escassos” e que ainda não sabe de onde virá o valor e qual será a quantia total necessária.
Novo governo Trump
A suspensão dos repasses faz parte de medidas anti-imigração de Trump, que tomou posse há uma semana. As iniciativas do republicano tem sido criticadas por outros países. No mais recente episódio, imigrantes latinos deportados dos EUA — inclusive brasileiros — retornaram aos países de origem algemados.
Lula discutiu o assunto nessa segunda (27) com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O Executivo criticou o uso de algemas em brasileiros deportados por autoridades dos Estados Unidos durante o voo de retorno ao Brasil. Com a situação, uma aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira) foi mobilizada para transportar os brasileiros e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, orientou que a PF (Polícia Federal) recepcionasse os brasileiros, além de determinar a retirada das algemas.
O novo presidente dos EUA declarou, horas após assumir, que a América do Sul “precisa” dos Estados Unidos. “A relação é excelente. Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles, eles precisam de nós. Todos precisam de nós”, afirmou.
Na quarta-feira da semana passada (22), Trump assinou uma ordem executiva que suspendeu a entrada de imigrantes ilegais pela fronteira sul, limite dos Estados Unidos com o México — uma promessa de campanha do republicano. Em nota divulgada pela Casa Branca, Trump justificou o ato como forma de “proteger” os EUA e a população norte-americana de “invasões”.
O presidente também restringiu o acesso a termos legais de imigração que permitiriam a permanência de imigrantes ilegais nos EUA, como a concessão de asilo.
O documento autoriza, ainda, quaisquer ações necessárias para imediatamente “repelir, repatriar e remover” imigrantes ilegais da fronteira sul. As medidas relacionadas aos imigrantes têm sido priorizadas por Trump logo no início do governo, como prometido por ele.
Nas primeiras horas da nova gestão, o republicano também pôs fim à cidadania por nascimento, política em vigor atualmente que garante que bebês nascidos no país sejam cidadãos norte-americanos automaticamente. Na prática, o texto — que não é retroativo — encerraria a concessão do documento a filhos de imigrantes que nascem em solo norte-americano. No entanto, a norma foi bloqueada dias depois pela Justiça dos EUA.
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