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BRASIL Terça-feira, 12 de Julho de 2022, 09:16 - A | A

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COVID

Subvariantes BA.4 e BA.5 já são mais de 90% dos casos no Brasil

A evolução da linhagem ômicron produz sublinhagens mais transmissíveis e também evasivas aos anticorpos preexistentes

G1

O Brasil completou recentemente duas semanas com alta da média móvel de mortes por Covid, acompanhado pelo crescente aumento de casos confirmados. Um levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), com base na análise de mais de 150 mil testes PCR feitos em cinco estados e no Distrito Federal, mostra que as duas novas sublinhagens do vírus, BA.4 e BA.5 já são responsáveis por 93% dos casos no Brasil.

"As vacinas e a própria infecção prévia têm proteção pequena para a ômicron, mas a imunização protege da mortalidade e dos quadros graves da doença, que é justamente a preocupação atual", esclarece Salmo Raskin, especialista em Genética Molecular.

De acordo com ele, a variante BA.5 é a que tem os aspectos mais preocupantes mais exacerbados, sendo a mais infecciosa de todas que foram detectadas até agora. Ou seja, as pessoas que se infectaram apenas pela ômicron têm grande chance de reinfecção, uma vez que não induz uma resposta imunológica do organismo que leve à criação de anticorpos. "Por ser menos grave, a resposta imunológica também é mais branda", afirma Raskin.

"A BA.4 e BA.5 resgatam em parte a chance de ter uma lesão pulmonar, algo que tinha sido reduzido com a ômicron BA.1. Temos visto um aumento de pacientes pediátricos também como consequência ao aumento bruto de casos. Porcentualmente, é na mesma proporção que em adultos", explica o médico infectologista Marcelo Otsuka.

A linhagem ômicron continua a evoluir, produzindo sucessivamente outras sublinhagens que não são apenas mais transmissíveis, mas também mais evasivas aos sistema imunológico. Ou seja, se propagam com maior facilidade e nem sempre são combatidas pelo corpo.

Um estudo publicado na revista "Nature" explica que a transmissão se torna frequente porque a ômicron e suas subvariantes têm muitas mutações na proteína spike, que é a chave que o vírus usa para entrar nas células e se multiplicar.

A pesquisa aponta que BA.5 e BA.4 são 4,2 vezes mais resistentes à vacina do que a subvariante BA. .2, por exemplo. Para efeito de comparação, os pesquisadores disseram que a subvariante BA.2.12.1, que alimentou o aumento de casos e hospitalizações em maio nos EUA e que colocou 87% de todos os condados do estado de Nova York em alerta de alto risco de Covid, é apenas 1,8 vez mais resistente que a BA.2.

"A maior transmissibilidade se deve ao fato de que as mutações determinam maior capacidade de ligação do vírus com a célula humana. Ou seja, é preciso uma carga viral menor para provocar a doença. No entanto, as pessoas com a cobertura vacinal completa, tem uma chance de infecção pelo menos quatro vezes menor do que as não vacinadas", explica o infectologista.

Ao redor do mundo
A subvariante BA.5, representa atualmente mais de 40% de todas as amostras positivas de Covid do estado de Nova York e é a cepa dominante nos Estados Unidos, segundo informações da rede NBC.

O estado mais populoso da Austrália, New South Wales, emitiu um alerta na semana passada quando as hospitalizações aumentaram muito, acendendo o alerta para a nova onda de infecções causadas pelas subvariantes BA.4 e BA.5.

"O vírus faz com que as mutações alterem os aminoácidos da proteína spike, tornando parte dela irreconhecível ao organismo. A mutação atua camuflando o vírus, dificultando nossas defesas contra o vírus", afirma o geneticista.

A grande circulação do vírus, no entanto, não significa necessariamente que ele se enfraquece. Isso se deve à sua capacidade de mutação. "Não devemos pensar que o Sars-Cov ficará uma infecção menos agressiva, mortal ou fácil de controlar", reitera Otsuka.

Ainda de acordo com o estudo da Nature, elas são altamente capazes de evadir os anticorpos neutralizantes (que defendem a célula de partículas infeciosas), comprometendo ainda mais a eficácia das vacinas. No entanto, a imunização ainda é o modo mais seguro e eficiente de prevenir infecções e reinfecções da doença.

“Se a gente olha a vigilância genômica de todos os países, desde que a mobilidade da população começou a voltar e reduziram as medidas de mitigação de transmissão, vemos que as variantes estão brigando muito mais. A gente está transmitindo o vírus agora, colocando tudo na conta das vacinas, que por si só não barram a transmissão”, afirma Isaac Schrastzhaupt, coordenador da Rede Análise de dados da covid-19. Ele reafirma que as variantes não são a causa do aumento dos casos, mas a consequência de uma transmissão descontrolada.

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