Cerca de 50 milhões de brasileiras estão em idade de realizar a mamografia, exame essencial para o diagnóstico do câncer de mama. Mesmo com o número robusto, muitas mulheres ainda não conseguem efetuar o procedimento no tempo certo, especialmente na rede pública. Esse é o alerta feito pelo médico mastologista e ginecologista Luciano Florisbelo, em entrevista sobre os desafios da detecção precoce da doença.
A diferença entre o acesso na rede pública e privada chama atenção. De acordo com o especialista, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) estima que a média de diagnóstico precoce nos consultórios médicos privados e convênio é de 50%. Já no Sistema único de Saúde (SUS), esse índice despenca para cerca de 5%. “A maioria das pacientes da rede pública já chega com tumores maiores, o que complica o tratamento e reduz as chances de cura”, lamenta.
O médico enfatiza que é preciso encarar essa desigualdade com urgência. “Nós temos duas realidades no Brasil: a do SUS e a dos particulares. No SUS, muitas vezes, a mulher tem dificuldade até de conseguir uma consulta. Quando consegue, o exame de rotina demora meses. No privado é mais rápido. Se eu pedir uma mamografia no meu consultório hoje, a mulher está com o exame feito em, no máximo, dez dias. Isso faz a diferença”, relata.
No sistema público, atualmente, o protocolo estabelece que a mamografia seja feita a partir dos 50 anos, a cada dois anos. No entanto, segundo Luciano Florisbelo essa rotina nem sempre se cumpre na prática. Já na rede privada, o preconizado é que as mulheres realizem o exame a partir dos 40 anos, seguindo uma rotina anual até os 74. Recentemente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) chegou a sugerir que a idade mínima fosse padronizada para os 50 anos.
No entanto, a proposta gerou forte resistência na comunidade médica, resultando em um recuo do órgão que regula os planos de saúde. “O Conselho Federal de Medicina (CFM) foi veementemente contra essa mudança. Isso porque 40% dos casos de câncer de mama no Brasil são diagnosticados em mulheres com menos de 50 anos. Quando o tumor é descoberto ainda pequeno, o tratamento é menos agressivo e as chances de sucesso são maiores”, destaca o médico.
Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer em brasileiras, com 45% do total atingindo o grupo de 50 a 69 anos. Ao mesmo tempo, a entidade aponta que, desde 2020, há uma queda na proporção de óbitos na faixa etária de 40 a 49 anos. “O Brasil tem cerca de 104 milhões de mulheres. Podemos dizer que mais de 50 milhões estão com idade para fazer o exame e, muitas, não irão conseguir”, pontua Luciano.
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