Agentes do governo Trump estão indo de porta em porta para prender imigrantes ilegais em Chicago, nos Estados Unidos. A ação faz parte de uma operação conjunta do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês) e de outras agências federais na cidade iniciada no domingo (26).
O número de prisões realizadas pelo ICE no governo do republicano passou dos 2.300.
"O Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA iniciou hoje em Chicago operações direcionadas reforçadas para fazer cumprir a lei de imigração dos EUA e preservar a segurança pública e a segurança nacional, mantendo possíveis criminosos estrangeiros perigosos fora de nossas comunidades", afirmou a agência em comunicado no domingo.
Segundo o ICE, as operações em Chicago, um famoso reduto democrata, foram realizadas em cooperação com agências federais como o FBI, o Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), a agência antinarcóticos (DEA), o escritório local da ICE e o Serviço de Delegados dos EUA.
Segundo o ICE, essas "operações direcionadas de aplicação da lei" são "prisões planejadas de estrangeiros imigrantes ilegais criminosos conhecidos e que representam uma ameaça à segurança nacional ou à segurança pública."
A operação em Chicago faz parte das políticas anti-imigração aplicadas por Donald Trump já no primeiro dia de seu mandato na Casa Branca, que completa uma semana nesta segunda-feira. Prisões também foram registradas em operações da ICE em Newark, cidade de Nova Jérsei conurbada com Nova York. O prefeito de Newark acusou o governo de prender civis americanos, entre eles um veterano de guerra.
O número de imigrantes presos agência chegou a 2.373, segundo balanço diário compartilhado pelo ICE no domingo (26). Os informes, que começaram a ser divulgados na quinta-feira passada (23), não deixam claro se todos os imigrantes presos estão em situação ilegal. Ainda segundo a ICE, outros 1.797 pedidos de mandados de prisão foram protocolados nesse período.
As deportações de imigrantes ilegais no governo Trump começaram na última sexta-feira (24) como parte de uma tentativa de realizar rápidas blitz contra esses grupos. Um grupo de 88 brasileiros esteve entre os expulsos dos EUA. (Leia mais abaixo)
Na quinta-feira, agentes de imigração fizeram a primeira leva de operações mirando imigrantes em situação irregular no país desde que Donald Trump assumiu a presidência. Segundo a Casa Branca, agentes prenderam 538 pessoas, e "centenas" foram deportadas já na quinta também.
O apresentador e personalidade da TV norte-americana Dr. Phil acompanhou a operação do ICE em Chicago. Phil se encontrou com Tom Homan, o novo "czar da fronteira", elogiou as prisões realizadas pelo governo Trump e disse que "não estão varrendo bairros, como algumas pessoas estão tentando insinuar".
Brasileiros deportados
Um avião com 88 brasileiros deportados pousou em Manaus na última sexta-feira (24). Os repatriados estavam ilegais nos EUA e foram expulsos pelo governo Trump.
No entanto, o Itamaraty afirmou que cobrará explicações ao governo dos EUA por conta da situação dos brasileiros ao chegarem no Brasil, algemados nas mãos e nos pés. Os brasileiros relataram agressões e humilhações durante o voo.
Brasileiros ilegais que estão nos EUA relataram ao g1 um clima generalizado de aflição e alerta na comunidade brasileira diante das deportações em massa no país.
Investida contra imigrantes: ponto a ponto
Donald Trump adotou nos primeiros dias de governo uma série de medidas para combater a imigração ilegal nos Estados Unidos. Entre segunda-feira (20) e terça-feira (21), várias ordens executivas e diretrizes governamentais foram aplicadas com o objetivo de reforçar a fiscalização e impedir a entrada irregular de estrangeiros no país.
Trump está tirando do papel promessas que fez durante a campanha presidencial. O republicano garante que vai fazer a maior deportação em massa da história do país, com milhões de imigrantes ilegais sendo expulsos. Veja algumas medidas adotadas a seguir.
Emergência nacional: uma das primeiras medidas de Trump foi assinar uma medida para declarar emergência na fronteira entre México e Estados Unidos.
O presidente anunciou que tropas do Exército e da Guarda Nacional serão enviadas à região para reforçar a segurança.
Além disso, agentes federais de imigração receberam poderes ampliados para deter suspeitos.
A medida também facilita a liberação de recursos para retomar a construção do muro na fronteira.
Por fim, o governo também encerrou programas que permitiam a entrada de estrangeiros por motivos humanitários.
Fim da cidadania automática: Trump emitiu uma ordem executiva eliminando o direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais ou com vistos temporários nascidos nos EUA.
Antes, quando imigrantes em situação ilegal tinham um filho em solo americano, a criança ganhava cidadania americana automaticamente.
A mesma coisa acontecia quando a mãe viajava aos Estados Unidos com um visto temporário, como o visto de turista. Se a criança nascesse durante o período da viagem, ganhava cidadania também.
Celebridades brasileiras já usaram essa estratégia para obter a cidadania americana para seus filhos.
Juristas afirmam que a medida contradiz a 14ª Emenda da Constituição, que garante cidadania a qualquer pessoa nascida no país.
Estados governados por democratas entraram com ações judiciais contra a medida.
"Presidentes são poderosos, mas ele não é um rei. Ele não pode reescrever a Constituição com um simples golpe de caneta", afirmou Matthew Platkin, procurador-geral de Nova Jersey.
Deportação expressa: o governo Trump ampliou o alcance da chamada deportação acelerada, que permite expulsões rápidas de imigrantes ilegais sem a necessidade de uma audiência judicial.
Qualquer imigrante que não comprove que reside há dois anos nos EUA pode ser alvo.
Sob Biden, a deportação expressa possuía algumas limitações. Por exemplo, a medida só era adotada em todo o país para quem entrasse nos Estados Unidos por via marítima e estivesse a menos de dois anos no país.
Ainda durante o governo Biden, quem entrava por via terrestre só poderia ser alvo da deportação expressa se fosse detido a até 160 km da fronteira e estivesse no país há menos de 14 dias.
Agora, todas essas restrições foram eliminadas. Segundo o governo, a medida está dentro dos limites legais estabelecidos pelo Congresso.
A deportação expressa já foi alvo de polêmica durante o primeiro mandato de Trump. O caso chegou a parar na Suprema Corte.
Prisões em áreas protegidas: o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) revogou uma proibição de 2021 sobre prisões de imigrantes em locais como hospitais, igrejas e escolas.
Antes, prisões de imigrantes não podiam ocorrer nesses locais, para garantir acesso seguro a serviços básicos.
O governo Biden também argumentava que operações do tipo poderia criar medo nas comunidades americanas.
Com a mudança, agentes podem realizar prisões de imigrantes em hospitais, igrejas e escolas.
Benjamine Huffman, secretário interino de Segurança Interna, afirmou que "assassinos e estupradores" não poderão mais usar esses locais como esconderijos.
"A Administração Trump não amarrará as mãos de nossos bravos agentes da lei e, em vez disso, confia que eles usarão o bom senso", afirmou Huffman.
"Fique no México": o governo Trump anunciou que está retomando um programa que foi adotado durante o primeiro mandato, mas que foi revogado por Biden.
A iniciativa obriga que estrangeiros que pedem asilo aos Estados Unidos, com exceção de mexicanos, aguardem a análise da solicitação no México.
Na segunda-feira (20), o governo tirou do ar um aplicativo usado para agendar entrevistas de asilo.
Todos os agendamentos para pedidos de asilo que já estavam feitos foram cancelados.
A medida gerou indignação e tristeza entre imigrantes que aguardavam para entrar nos Estados Unidos na fronteira com o México.
Restrição na entrada: o DHS emitiu uma diretriz para restringir o uso da chamada "parole".
A ferramenta permite a entrada legal de imigrantes em situação de emergência e foi amplamente usada na gestão Biden.
A parole também serve para fins humanitários e beneficiou pessoas de várias nacionalidades, como ucranianos, cubanos e venezuelanos.
Segundo o DHS, o governo Biden permitiu que 1,5 milhão de imigrantes entrasse no país por meio do benefício de forma indiscriminada.
Agora, tudo será analisado caso a caso, de acordo com o departamento.
CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.
0 Comentários