As deficiências na logística e no armazenamento continuam sendo grandes desafios para o agronegócio brasileiro, segundo Cristiano Oliveira, Head of Research da Rivool Finance. Dados apontam que a capacidade de armazenamento, que era equivalente a 91% da produção agrícola em 2010, caiu para cerca de 60% em 2023.
Esse índice está bem abaixo da recomendação da FAO, que sugere uma capacidade equivalente a 1,2 vezes a produção anual. Enquanto isso, países como os Estados Unidos e Canadá possuem taxas muito superiores, respectivamente de 54% e 80% de fazendas com estruturas próprias de armazenamento, contra apenas 15% no Brasil.
“Com safras recordes em 2024 e o alto déficit de armazenamento de grãos, os preços de exportação de soja e milho estão em níveis negativos em relação ao mercado internacional. A primeira estimativa para a safra de grãos na temporada 2024/2025, realizada pela CONAB, aponta para uma produção de 322,47 milhões de toneladas”, comenta.
Essa lacuna é especialmente crítica no Centro-Oeste, responsável pela maior produção de grãos do país. O Mato Grosso, por exemplo, tem capacidade para armazenar apenas metade de sua produção. Isso força os produtores a venderem durante a colheita, enfrentando custos de frete elevados e preços reduzidos no mercado internacional. Com a safra de 2024/2025 projetada em 322,47 milhões de toneladas, um aumento de 8,3% em relação ao ciclo anterior, o déficit tende a impactar ainda mais os preços.
“Portanto, acumula-se anualmente um déficit de investimento em armazenamento de pelo menos R$ 5 bilhões em crédito, enquanto o setor tem prejuízos de R$ 20 bilhões. Há um potencial de retorno para produtores e empresários que investirem nesse setor, em particular no armazenamento a granel (silos), assim como um grande potencial para a expansão do crédito privado para esse fim. Com fontes de crédito menos burocratizadas e atreladas aos resultados dos empreendimentos, todas as partes envolvidas terão parte dos ganhos que o setor de exportação de commodities brasileiro proporcionará nas próximas décadas”, concluiu.
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