Horas após ser preso, o presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, publicou uma carta escrita à mão em suas redes sociais. Na manifestação, sua primeira após a prisão, Yoon se dirigiu ao povo sul-coreano e afirmou que a "lei marcial não é um crime".
"A lei marcial não é um crime. A lei marcial é um exercício da autoridade presidencial para superar uma crise nacional", escreveu Yoon, segundo tradução provida pela agência de notícias Yonhap.
Yoon foi detido na manhã de quarta-feira (15), pelo horário local —noite de terça-feira (14), no Brasil, em uma operação que durou seis horas. Apoiadores de Yoon tentaram impedir a prisão. Ele foi alvo de um mandado de prisão no âmbito de uma investigação que apura acusações de insurreição. Em dezembro, o presidente decretou uma lei marcial que restringiu direitos civis. (Leia mais abaixo)
Yoon já havia afirmado que seu decreto, feito de surpresa no final da noite do dia 3 de dezembro, não constitui um crime horas após a rápida revogação da medida pelo Parlamento sul-coreano. Por conta da lei marcial, o presidente sofreu um impeachment dias depois.
Simultaneamente à publicação da carta, Yoon está sendo interrogado por autoridades sul-coreanas no âmbito de seu decreto da lei marcial. Segundo a Yonhap, o presidente permanece em silêncio diante das perguntas dos investigadores. Uma segunda sessão de questionamentos está em andamento na manhã desta quarta —noite de quarta no horário local.
A primeira rodada do interrogatório durou duas horas e meia, e ele teve uma hora de pausa entre as sessões para descansar, em que recebeu uma lancheira com almoço. Yoon ficará detido durante 48 horas, segundo o mandado de prisão, e deverá ficar em uma cela solitária no Centro de Detenção de Seul, informou a agência de notícias Reuters.
Em sua carta publicada nesta quarta-feira, Yoon também afirma ter tido muito tempo para refletir desde que sofreu foi afastado do cargo e que "embora seja irônico, só depois do impeachment comecei a perceber que realmente sou o presidente".
Operação para prender Yoon
Os investigadores tentaram prender Yoon pela primeira vez no dia 3 de janeiro. Naquele dia, os agentes foram impedidos de entrar na casa do presidente por seguranças e guardas militares.
Desta vez, os investigadores fecharam um acordo com os guardas presidenciais, que garantiram que iriam autorizar a entrada para que o mandado de prisão fosse cumprido.
Ainda assim, cerca de 6.500 apoiadores de Yoon se posicionaram na frente da casa do presidente afastado para dificultar a operação. Segundo a agência de notícias estatal Yonhap, os simpatizantes formaram uma espécie de "corrente humana".
As autoridades começaram a avançar aos poucos nos arredores da residência de Yoon, até conseguirem entrar no imóvel. Os advogados do presidente afastado tentaram uma negociação, mas os investigadores sul-coreanos disseram que iriam cumprir o mandado.
Em um comunicado, o presidente afastado afirmou ser deplorável agentes realizarem uma "série de atos ilegais", incluindo a prisão dele. Yoon disse ainda que concordou em prestar depoimento para evitar "derramamento de sangue".
Ainda em dezembro, o Congresso aprovou a abertura de um processo de impeachment contra Yoon. Desde então, ele está afastado, e a Suprema Corte está analisando se ele deve perder o cargo de forma definitiva.
Próximos passos
Preso após uma operação que durou cerca de seis horas, o presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, deverá ficar em uma cela solitária no Centro de Detenção de Seul, informou a agência de notícias Reuters. O local é maior e melhor equipado do que as celas padrão, de 6,5 metros quadrados.
Yoon foi detido na manhã de quarta-feira (15), pelo horário local — noite de terça-feira (14), no Brasil. Apoiadores de Yoon tentaram impedir a prisão. Ele foi alvo de um mandado de prisão no âmbito de uma investigação que apura acusações de insurreição. Em dezembro, o presidente decretou uma lei marcial para restringir direitos civis.
Segundo a agência, as autoridades responsáveis pela investigação prepararam um questionário de mais de 200 páginas para o presidente afastado, que, além de permanecer em silêncio, não permitiu a gravação.
As instalações usadas para o interrogatório incluem uma área de descanso com um sofá para acomodar Yoon, informou a agência Yonhap.
As autoridades têm 48 horas para interrogá-lo. Após isso, deverão solicitar um mandado de prisão para detê-lo por até 20 dias ou liberá-lo. Durante a custódia, Yoon será mantido no Centro de Detenção de Seul — que não é o mesmo local do interrogatório.
Na chegada ao centro de detenção, Yoon passou por uma verificação de identidade e um exame de saúde simples. Na prisão onde está, os detidos acordam às 6h30 e dormem após as 21h.
Lei marcial
O decreto da lei, no início de dezembro, restringiu temporariamente o direito de civis. A medida também visava fechar a Assembleia Nacional, mas acabou fracassando e rejeitada pelos próprios deputados.
Ao anunciar a lei marcial, o presidente Yoon fez críticas à oposição. "Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas", disse.
O decreto veio em um contexto de baixa aprovação do presidente e de trocas de farpas com a Assembleia Nacional, que é controlada por deputados da oposição.
Desde então, Yoon foi alvo de uma operação policial e de uma votação na Assembleia Nacional que o afastou do cargo. Atualmente, a Coreia do Sul está sendo governada por um presidente interino.
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