Em meio à pressão para que a Ucrânia aceite seus termos na negociação com Vladimir Putin para acabar com a Guerra da Ucrânia, o presidente Donald Trump disse nesta sexta (21) que o colega de Kiev, Volodimir Zelenski, “não é muito importante” e, na realidade, atrapalha o acordo.
Em entrevista à Fox Radio, ele disse que a Ucrânia não “tinha cartas” para negociar. “Não acho que seja muito importante que ele esteja nas reuniões. Está lá há três anos. Ele faz com que seja muito difícil fechar acordos”, disse.
Ele também se recusou a responder ao entrevistador se achava que a destruição “das cidades bonitas” do país do Leste Europeu, nas suas palavras, era culpa de Putin.
É mais uma rodada na crise entre os antes aliados, iniciada quando Trump ligou para Putin, comprou os pontos principais da visão russa do conflito e iniciou negociações com o Kremlin na Arábia Saudita sem a presença de ucranianos ou parceiros europeus.
A seara financeira tem se provado tão importante quanto a da segurança. O americano começou cobrando publicamente US$ 500 bilhões (R$ 2,8 trilhões) em reservas de minerais estratégicos a Kiev em troca do apoio militar já dado e, presumivelmente, ainda a ser alocado à Ucrânia.
Depois de aceitar conversar, Zelenski disse que não poderia “vender seu país” na quarta (19), quando trocou violentas farpas com Trump, que então disse que ele desviou parte da ajuda dada à Ucrânia e que era um “ditador sem eleições”.
O azedume continua, como a nova fala de Trump prova, mas sob a névoa da briga as negociações continuam.
A imprensa ucraniana relata que o enviado de americano para a região, Keith Kellogg, ouviu de Zelenski e outros em Kiev na quinta (20) que é possível chegar a outra acomodação, mas que não há o meio trilhão de dólares à mão, até porque parte das reservas estão em território ocupado por Putin.
A especulação é a de que os ucranianos possam oferecer parcerias favoráveis aos americanos em algum dos setores industriais do país, algo incerto.
Kellogg, que não quis conceder entrevista ao lado do presidente em Kiev na quinta, disse nesta sexta (21) no X que as conversas foram positivas. Mas isso foi antes da nova declaração, que visa aumentar a pressão.
Segundo a agência Bloomberg, as discussões chegaram a um ponto decisivo. Uma questão central para Zelenski, dado que perder terra está sendo dado como fato consumado, é qual garantia ele terá de que Putin não irá atacar novamente.
A equipe de Trump não é clara sobre isso, tendo insinuado que essa seria uma tarefa para os europeus, à margem da negociação. Reino Unido e França já propuseram uma força de paz com até 30 mil homens para ficar não nas linhas de frente congeladas, mas na retaguarda.
O Kremlin considera a ideia inaceitável, pois equivale na sua visão estratégica a ter a Otan, a aliança militar liderada pelos EUA, junto à sua fronteira mais importante a oeste. Na semana que vem, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o premiê britânico, Keir Starmer, irão se encontrar com Trump na Casa Branca para discutir o assunto.
Em campo, a guerra continua. A Rússia promoveu mais um grande ataque, com 160 drones, contra instalações energéticas da Ucrânia, além de ter anunciado a conquista de mais três vilarejos na linha de frente em Donetsk (leste). Os ucranianos lançaram, por sua vez, drones contra o sul russo.
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