Os tipos de pessoas que encontramos em uma fila fazem parte da universidade da vida.
É frequente a presença do impaciente, do que reclama de tudo, do que puxa conversa com qualquer um, do que não desgruda do celular e daqueles que simplesmente não se importam com o tamanho da fila.
Os assuntos variam do resultado do futebol na reestreia do Neymar ao amigo que acabou de partir deste mundo para um melhor.
Acompanhava a conversa envolvente de duas senhorinhas ricas de sabedoria.
Torcia para que a fila não andasse, pois precisava me embriagar com aquele assunto, algo sobre o qual nunca havia refletido.
Há certas coisas essenciais em casa que parecem não ter fim. E essa é a mais pura verdade.
As toalhas de banho, por exemplo, são infindáveis. Nunca entendi o motivo de trocá-las toda semana, se só servem para enxugar o corpo recém-lavado.
Suja de quê? Tive vontade de perguntar.
Toalhas de rosto e banho são presentes prediletos que uma dona de casa ganha de presente de aniversário.
Geralmente vêm caprichosamente bordadas, com o nome do casal e data do aniversário.
A toalha que estou usando esta semana tem mais de vinte anos. Foi um presente para minha mulher, falecida há dezenove.
Está perfeita. E ficará comigo até o fim da minha caminhada.
Nas filas, sempre há o fura-fila, que chega de cadeira de rodas ou andador.
Receitas de bolos são trocadas, e até números do celular.
Estamos sempre aprendendo, mesmo nos lugares mais inusitados — basta querer.
É a universidade da vida, sem burocracia, sem a necessidade do vestibular, esse terror dos novos conhecimentos.
A fila andou, fui atendido e voltei para casa mais rico do que quando saí.
A vida é uma escola para quem está atento, pois, como dizem, ‘cavalo arreado não passa duas vezes na nossa frente. ’
(*) GABRIEL NOVIS NEVES é médico e ex-reitor da UFMT.
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