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OPINIÃO Terça-feira, 12 de Novembro de 2024, 16:28 - A | A

Terça-feira, 12 de Novembro de 2024, 16h:28 - A | A

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS

Dia mundial da gentileza

O objetivo foi inspirar as pessoas a propagarem a gentileza, com o objetivo de um mundo melhor.

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS

Após uma conferência realizada em Tóquio, no Japão, no ano de 1996, foi pensado na criação sobre a data, que oficialmente foi instituída no ano 2000, todo o dia 13 de novembro. O objetivo foi inspirar as pessoas a propagarem a gentileza, com o objetivo de um mundo melhor.

A capacidade de perceber a necessidade dos outros e outras, e de retribuir algo, demonstrando atenção e cuidado com o próximo, é manifestação gentil. Sem dúvida, a amabilidade oportuniza benefícios para a vida das pessoas. Segundo estudos, é possível sentir o bem em transmitir benevolências: aumento dos níveis da dopamina e serotonina (hormônios da felicidade); diminuição da ansiedade e do stress; auxílio no tratamento da depressão; e melhoria do humor.  

Viver é conviver em sociedade. E para estar vivo é necessária a atitude de conexão com tudo, todas e todos que circulam ao redor. Dormir e acordar envolvem uma gama de atividades que emoldam a presença no mundo terreno. Toda e qualquer atividade vem vinculada ao fluxo da vida. E, para a convivência harmônica, qualquer forma de reciprocidade se torna uma dádiva de conexão com o mundo. A gentileza, ainda que não venha na mesma proporção e esperada, torna o viver com mais compaixão e empatia. A gentileza costuma gerar inquietude, até mesmo naqueles e naquelas que não a promovem, muitas vezes gerando a consciência de oportunidade de sensibilização.

A Filosofia de Epicuro aprecia na amizade um dos maiores prazeres, e a considera um dos motes para a busca de uma vida feliz. Aliás, era na comunidade conhecida de O Jardim que Epicuro praticava as suas crenças e vivia de acordo com os princípios da igualdade e solidariedade. Através da ausência de medo e do estado de tranquilidade é possível atingir a ataraxia, conforme o citado filósofo.

A Sociologia é uma ciência que estuda a sociedade em suas relações humanas, as instituições e as estruturas da sociedade, utilizando-se de métodos científicos para a análise. A investigação de como os indivíduos se relacionam, sempre foi tema de estudo, com a finalidade de compreensão do ambiente social. 

A socióloga Heleieth Saffioti, contribuiu e contribui para o estudo do feminismo no Brasil. Para ela a desigualdade de gênero entre homens e mulheres se destaca no papel do trabalho, bem como na importância das categorias de sexo, raça e classe. Defendia que o patriarcado, predominância da autoridade dos homens, se perfaz em relação hierárquica presente em todos os espaços sociais, sendo o causador da violência de gênero.

A falta de empatia, ou de gentileza também, pode estar associada à violência de gênero, que possui bases históricas. A distância promovida pelo preconceito e a dificuldade em não se enxergar o visível, tem alimentado a violência de gênero. O tratamento dispensado às mulheres não tem favorecido a prática de gentileza a gerar gentileza, conforme muito bem explanou o filósofo popular José Datrino, que ficou conhecido como Filósofo Gentileza.

A prática de algumas ações pode ser importante para o favorecimento da afabilidade, a começar na data comemorativa, Dia Mundial da Gentileza: agradecer e retribuir a gentileza; praticar o bem; cumprimentar e retribuir os cumprimentos; passar a vez; arrumar o ambiente de casa e do trabalho; elogiar o trabalho de alguém sem qualquer interesse; pensar na coletividade; não disseminar e nem coadunar com a misoginia, com o racismo, com a LGBTfobia ou transfobia; enfrentar a cultura do estupro...  

Conviver em sociedade, por mais que pareça simples, é desafiador e complexo. Entretanto, conturbar a convivência pela falta de gentileza é causar desgaste para a vida aprazível.

É de Angela Davis: “Temos que falar sobre libertar mentes tanto quanto libertar a sociedade”.

(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.

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