O câncer de próstata é o principal tipo de câncer e o mais comum entre os homens, após excluir-se pele não melanoma. Infelizmente, um dos maiores desafios que enfrentamos em relação à saúde do homem é o tabu associado aos exames de prevenção, como o exame de toque retal e o exame de sangue PSA (antígeno prostático específico), obrigatórios a partir dos 50 anos, e até mesmo antes, em casos selecionados como história familiar positiva, ou sintomas já presentes.
Muitos homens ainda têm resistência em realizar esses exames por medo, vergonha ou até desinformação – estes dois últimos intimamente atrelados a sexualização, o que é incabível ao ato médico e zelo pela vida saudável. A consequência: atraso no diagnóstico precoce e agravamento.
No entanto, é importante ressaltar que, quando diagnosticado precocemente, o câncer de próstata tem uma alta taxa de cura. No Brasil, estimam-se 71.730 novos casos de câncer de próstata por ano para o triênio 2023-2025, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Um dos mitos mais comuns sobre o câncer de próstata é que ele só acomete homens idosos, mas a realidade é que ele pode ocorrer em qualquer fase da vida adulta, embora seja mais prevalente a partir dos 50 anos. Outro mito que frequentemente ouvimos é que todos os casos de câncer de próstata são agressivos e precisam de tratamento imediato, o que não é verdade.
Existem diferentes tipos da doença, uns graves e avançados que necessitam bloqueio hormonal e radio-quimioterapia, e outros, de crescimento lento, permitindo que o médico e o paciente acompanhem a evolução do quadro antes de decidir o tratamento. Esse processo é conhecido como “vigilância ativa” e é indicado para alguns homens que apresentam informações condizentes como baixo risco (biopsia, níveis de PSA inicial, toque retal e estadiamento).
Outro aspecto importante que precisa ser desmistificado é o receio de que o exame de toque retal seja doloroso ou comprometa a masculinidade do paciente. Esse exame é rápido, indolor e, junto com o PSA, é fundamental para avaliar a saúde da próstata, quando realizado na faixa etária correta.
Muitos homens também acreditam que o exame de PSA, por ser um exame de sangue, é suficiente para diagnosticar o câncer de próstata, porém essa é uma meia verdade. Embora o PSA seja uma ferramenta valiosa, ele não substitui o exame de toque retal, pois alguns tipos de câncer não aumentam significativamente os indicadores – normalmente são os mais agressivos e encontrados em pessoas mais jovens.
Além disso, é essencial que os homens compreendam que a prática de hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada, baixo consumo de carnes vermelhas e gorduras, prática regular de exercícios físicos e a redução do consumo de álcool e tabaco, pode ajudar a prevenir o câncer de próstata.
Fatores de risco, como o histórico familiar da doença, também devem ser considerados, pois homens com parentes de primeiro grau que tiveram câncer de próstata têm um risco maior de desenvolver a doença, principalmente se os casos ocorrem antes dos 60 anos de idade.
Como médico, é nosso dever incentivar a população masculina a superar o preconceito e a buscar informações confiáveis. É hora de derrubar esses tabus e entender que a saúde não é um sinal de fraqueza, mas de responsabilidade.
*Bruno Heringer é oncologista clínico e atua na clínica Oncolog, em Cuiabá.
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