O Brasil teve um aumento de 33% no número de bilionários na passagem de 2023 para 2024. A riqueza deles, por sua vez, aumentou 37,7%, o mais forte avanço entre os países americanos. Segundo o relatório 'Billionaire Ambitions Report 2024, realizado pelo banco UBS, o Brasil conta com 60 bilionários, 19 a mais do que em 2023. Juntos, eles acumulam nada mais, nada menos do que US$ 154,9 bilhões.
Destes 19 novos bilionários, apenas 35% são empreendedores, enquanto os demais herdaram suas fortunas. Segundo Rafael Gross, co-responsável pela plataforma brasileira de Global Wealth Management do UBS, isso é justificado pelo fato de o Brasil ter “algumas empresas familiares muito consolidadas e fortes, especialmente em setores estratégicos como agronegócio, bens de consumo e energia, que são fundamentais para a economia do país”.
Ele destaca, porém, que apesar disso, o estudo também mostra que há um potencial de crescimento para novos bilionários empreendedores, especialmente aqueles que encontram oportunidades “significativas e inovadoras em áreas como tecnologia, fintechs e energias renováveis”, segmentos considerados por Gross como “de grande potencial de crescimento em um mercado emergente como o Brasil”.
O estudo mostra que o montante nas mãos dos bilionários brasileiros cresceu quase 40% nos últimos 12 meses. Este foi o crescimento mais alto entre países americanos, incluindo os Estados Unidos e Canadá. Ainda assim, o país ocupa “apenas” a quarta colocação no ranking das fortunas, atrás de Estados Unidos, com R$ 5,8 trilhões; Canadá, com US$ 213 bilhões e México, com US$ 199 bilhões. No ranking das Américas, o país com mais bilionários também é os Estados Unidos, com 973 bilionários, uma alta de 12% em relação a 2023.
Fortuna dos bilionários brasileiros foi a que mais aumentou em termos percentuais
País | Número de bilionários em 2023 | Número de bilionários em 2024 | Variação | Riqueza em 2023 (US$) | Riqueza em 2024 (US$) | Variação |
Argentina | 4 | 4 | 0% | 11 bilhões | 14.6 bilhões | 32% |
Brasil | 45 | 60 | 33% | 112.5 bilhões | 154.9 bilhões | 37% |
Canadá | 42 | 46 | 10% | 173.9 bilhões | 213.3 bilhões | 22% |
Chile | 6 | 5 | -17% | 36.4 bilhões | 34.9 bilhões | -4% |
Colômbia | 1 | 1 | 0% | 6.4 bilhões | 7.3 bilhões | 14% |
México | 14 | 22 | 57% | 168.9 bilhões | 199.7 bilhões | 18% |
Peru | 4 | 0 | -100% | 5.5 bilhões | 0 | -100% |
Estados Unidos | 751 | 835 | 11% | 4.5 trilhões | 5.8 trilhões | 27% |
Segundo Gross, esse aumento significativo das fortunas brasileiras pode ter acompanhado o desempenho robusto do agronegócio e das commodities, apontados por ele como “setores que se beneficiam naturalmente dos altos preços no mercado internacional e de uma demanda resiliente por exportações. “O Brasil também se destacou em energias renováveis, como o etanol e a eólica, atraindo o interesse de investimentos estratégicos em um cenário global de transição energética”, complementa.
Gross ainda afirma que para o Brasil subir mais posições e sair da quarta colocação desse ranking é preciso que o país passe por algumas transformações estruturais. “Além de uma maior diversificação econômica, precisaríamos ver reformas fiscais mais robustas, um ambiente regulatório mais favorável e um estímulo muito maior à inovação e à capacitação. Sem isso, o país continuará vulnerável à volatilidade externa e às limitações de crescimento interno, mesmo com seu enorme potencial de recursos naturais”, afirma.
Quem são eles?
O avanço da Inteligência Artificial ajudou a valor as ações da Meta (dona de marcas como Instagram, WhatsApp e Facebook) neste ano. Com isso, a fortuna do brasileiro Eduardo Saverin, co-fundador do Facebook, estava estimada em R$ 155,97 bilhões segundo a lista feita pela revista Forbes em agosto deste ano. Para se ter uma ideia do crescimento, no ranking divulgado pela publicação em abril de 2023, Saverin era o quarto brasileiro mais rico no mundo e tinha R$ 51,82 bilhões.
Veja a lista dos 10 maiores bilionários brasileiros atualizada em agosto deste ano, segundo a Forbes
Eduardo Saverin (Facebook)- R$ 155,97 bilhões
Vicky Safra e família (Banco Safra) - R$ 110,17 bilhões
Jorge Paulo Lemann e família (AB Inbev/3G Capital)R$ 91,81 bilhões
Marcel Herrmann Telles e família (AB Inbev/3G Capital) - R$ 60,82 bilhões
Carlos Sicupira e família (AB Inbev/3G Capital) - R$ 49,35 bilhões
Fernando Moreira Salles (Itaú Unibanco/CBMM) R$ 38,45 bilhões
Pedro Moreira Salles (Itaú Unibanco/CBMM) - R$ 36,15 bilhões
Alexandre Behring da Costa (3G Capital) - R$ 34,82 bilhões
André Esteves (BTG Pactual) - R$ 32,71 bilhões
Miguel Gellert Krigsner (O Boticário) - R$ 28,69 bilhões
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