Cuiabá, 10 de Fevereiro de 2025
Notícia Max
10 de Fevereiro de 2025

OPINIÃO Segunda-feira, 10 de Fevereiro de 2025, 10:41 - A | A

Segunda-feira, 10 de Fevereiro de 2025, 10h:41 - A | A

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS

O ballet de Pavlova

Filha de mãe solo e de família de camponeses, o amor pela dança aconteceu aos 8 anos de idade, quando a sua genitora a levou para assistir ao clássico “A Bela Adormecida”

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS

Anna Matveyevna Pavlova foi a primeira bailarina russa de grande destaque mundial. Nasceu em São Petersburgo (Império Russo) em 12 de fevereiro de 1.881, fazendo a passagem em 23 de janeiro de 1.931, em Haia (Holanda do Sul), aos 49 anos.

Filha de mãe solo e de família de camponeses, o amor pela dança aconteceu aos 8 anos de idade, quando a sua genitora a levou para assistir ao clássico “A Bela Adormecida”. Sentiu forte emoção no dia, decidindo, desde então, se dedicar à dança.

Anna tinha o desejo de que tudo em sua vida ocorresse cedo, com a impressão de que teria uma vida breve. Graduou-se na dança em 1.899. Assim, a sua carreira começou bastante jovem, quando ingressou no Ballet Imperial Russo, e, tempos depois, fundando a sua própria companhia. Realizou muitas turnês por diversos locais mundialmente: Europa, América e Ásia. Em terras brasileiras, ela se apresentou algumas vezes: 1918 no Teatro da Paz em Belém do Pará; e na década de 1920 nos Teatro Municipal do Rio de Janeiro e de São Paulo.

A incomparável bailarina, segundo a história, possuía disciplina e técnica intensa, onde as suas interpretações garantiam a expressividade individual. Tinha um grande repertório ao dançar: clássico, convencional e étnico. Ficou conhecida pela encenação do famoso “A morte do cisne”. A crítica ainda é uníssona em afirmar que ninguém nunca dançou com tanta ênfase, dor e talento “O lago dos cisnes”. Imortalizou a frase: Perseguir, sem cessar, uma meta: este é o segredo do sucesso”.    

Anna Pavlova fugiu à regra, inovando, já que no século XIX o ideal para as bailarinas era terem o corpo compacto e musculoso, com a finalidade de atender a técnicas e performances. Ela, todavia, buscou o corpo real, como de toda e qualquer mulher, pois, segundo ela, assim poderia desenvolver a arte com graça e delicadeza. Foi dela a ideia de usar o reforço de couro nas sapatilhas de ponta, com a finalidade de minimizar o estresse nos dedos, facilitando a execução do “en pointe” (técnica de se apoiar dançando com o peso do corpo na ponta dos pés). Na época, por ela estar quebrando paradigmas, gerou polêmica no mundo da dança. Todavia, posteriormente se tornou padrão tais sapatilhas.

As pessoas se acostumaram com o nome pavlova, que ficou vinculado a uma deliciosa sobremesa. O doce consiste em ser crocante por fora e macio por dentro, com chantilly ou creme no meio, e frutas cítricas e frescas na parte de cima. Segundo Keith Money, que escreveu a biografia da artista, foi o chef de um hotel em que ela se hospedou, em Wellington, que teria criado a iguaria em sua homenagem, durante a hospedagem, por conta de uma turnê, em 1.926. A Austrália, por sua vez, também “reivindica” a criação do doce pavlova quando Anna também esteve por lá em turnê.  Inclusive, o suspiro de sustentação da sobremesa relembra o “tutu” das bailarinas, e, após a primeira “garfada” o doce se quebra, tal como os passos do ballet, sustentados pelas pernas que se movem mudando a posição constantemente.

Após uma apresentação, Anna Pavlova voltava de viagem em um trem que descarrilou. Amante da natureza, ela resolveu, então, sair do meio de locomoção que se encontrava parado, para apreciar a neve, contraindo uma pneumonia. No leito de morte, a dançarina pediu que o seu traje de encenar “O lago do cisne” lhe fosse trazido, deixando evidente que a sua trajetória terrena foi inteira pela dança. Infelizmente, aos 49 anos, foi a óbito. 

A artista deixou enorme legado para a dança clássica e contemporânea, principalmente por conta dos seus passos leves, tal como o cisne que a consagrou, e a sobremesa que leva o seu nome.

Anna Pavlova é lembrada como figura carismática. É dela: “Diplomacia é deixar alguém fazer do jeito que você quer”.   

(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual, mestra em Sociologia pela UFMT, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso – IHGMT -, membra da  Academia Mato-Grossense de Direito – AMD - Cadeira nº 29.

CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.

0 Comentários